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Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora

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122 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />

relatos e na observação das oficinas e ações realizadas nas escolas, sem dúvida,<br />

reatualizam o medo ancestral do homem a certas imagens arquetípicas enumeradas<br />

e exemplificadas por Gilbert Durand (1997) em As Estruturas Antropológicas<br />

do <strong>Imaginário</strong>, mais especificamente, no Livro Primeiro, quando desenvolve as<br />

considerações sobre o Regime Diurno da Imagem.<br />

Na primeira parte do livro, intitulado As faces do tempo, o autor se utiliza<br />

de diversas referências para ir desfiando as imagens da angústia da morte e da percepção<br />

da finitude (angústia existencial) organizadas nos símbolos teriomórficos<br />

(como monstros), nictomórficos (imagens da escuridão) e catamórficos (imagens<br />

da queda). Como diz o autor:<br />

“Desta solidez das ligações isomórficas resulta que a negrura é sempre valorizada<br />

negativamente. O diabo é quase sempre negro ou contém algum negror.<br />

O anti-semitismo não seria talvez outra fonte além desta hostilidade natural<br />

pelos tipos étnicos escuros. ‘Os negros na América assumem também uma<br />

tal função de fixação da agressão dos povos hospedeiros’, diz Otto Fenichel,<br />

‘tal como entre nós os ciganos... são acusados com razão ou sem ela de toda<br />

espécie de malfeitorias.’ Deve-se aproximar disto o fato de que Hitler confundia<br />

no seu ódio e no seu desprezo o judeu e os povos ‘negróides’. Acrescentaremos<br />

que se explica assim na Europa o ódio imemorial do mouro, que<br />

se manifesta nos nossos dias pela segregação espontânea dos norte-africanos<br />

que residem na França” (Durand, 1997: 93).<br />

Considerando que é impossível separar a prática educativa, em sua dimensão<br />

“praxeológica”, da dinâmica afetual e simbólica na qual ela se insere, percebemos<br />

que a formação seria possível somente se dialogássemos com os professores<br />

no nível das imagens estruturantes do imaginário racista, e não apenas no nível<br />

dos conteúdos e da exposição de dados científicos.<br />

Oficina de <strong>Imaginário</strong> e Memória Docente<br />

Assim sendo, no próximo encontro, tivemos como tema: “<strong>Imaginário</strong> e memória<br />

docente: a questão etnicorracial”, no qual levantamos as imagens da trajetória<br />

dos professores e professoras a partir da sua memória, com as seguintes questões<br />

geradoras:<br />

“Quais personagens negros que víamos na nossa infância nos livros de literatura?”<br />

“Quais artistas e atores negros que assistíamos nos programas de televisão?”<br />

“Como era ensinada nas escolas a história dos negros?”

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