Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
Culturas Contemporâneas, Imaginário e Educação ... - Rima Editora
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
74 <strong>Culturas</strong> <strong>Contemporâneas</strong>, <strong>Imaginário</strong> e <strong>Educação</strong>: Reflexões e Relatos de Pesquisa<br />
aponta a dimensão simbólica do discurso e da ação de uma dada organização. Ela repensa<br />
a escola-organização no âmbito das práticas simbólicas e educativas, ligandoas<br />
ao imaginário sociocultural e organizacional. Permite a compreensão da cultura<br />
das organizações educativas, na medida em que estas são mediadoras da reprodução<br />
e da reinterpretação da cultura dominante e do social, pelos grupos no seu cotidiano<br />
(p. 17).<br />
A culturanálise é um instrumento metodológico que permite compreender<br />
o nível de funcionamento dos grupos, tanto no aspecto patente – polo das formas<br />
estruturantes que abrange os códigos, as formações discursivas, os projetos da<br />
instituição, ou seja, o nível racional – quanto no aspecto latente que se expressa<br />
nas vivências, na dimensão imaginal e afetual dos grupos. Esses dois aspectos se<br />
relacionam de forma dialógica, fazendo emergir, a partir da troca simbólica entre<br />
a dimensão normativa e a dimensão da vivência, o mapa da existência e da<br />
consciência dos grupos nas instituições. Essa compreensão do real vivido pelos<br />
grupos, numa escola, por exemplo, traz a possibilidade de um trabalho mais orgânico,<br />
mais adequado, mais solidário e mais comprometido com propostas que<br />
respeitem as diferenças dos profissionais que nela trabalham.<br />
Essa heurística permite o conhecimento da cultura da instituição – os modos<br />
de pensar, sentir e agir de todos os que fazem a escola. Também traz à tona<br />
o nível do desejo e estabelece o vínculo entre a razão e a emoção/sensibilidade indispensável,<br />
penso, para uma educação crítica e criativa. Uma educação para a sensibilidade.<br />
É um caminho teórico-metodológico que busca o acolhimento dos<br />
princípios da complexidade, que minha produção científica tem proposto nos<br />
movimentos integradores entre homem-natureza-cultura, real e imaginário, razão<br />
e emoção, norma e vida.<br />
A forma narrativa é usada para o relato do conjunto das informações sobre<br />
a escola, coletadas durante a pesquisa, por apresentar-se como a mais adequada,<br />
pois lida com fatos, ideias, teorias, sonhos, medos e esperanças, na perspectiva da<br />
vida de alguém e no contexto das suas emoções. A esse respeito MacIntyre (1981:<br />
83) afirma que a história torna-se o gênero básico e essencial para a caracterização das<br />
ações humanas. Para Ricoeur (1984: 85), existe uma correlação entre a atividade<br />
de narrar uma estória e o caráter temporal da experiência humana que não é puramente<br />
acidental, mas apresenta uma forma de necessidade transcultural. Recentes<br />
pesquisas, nesse assunto, clarificam que a narrativa é essencial ao propósito de<br />
comunicar quem somos nós, o que fazemos, como sentimos e por que seguimos<br />
um curso de ação e não outro.