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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

O projeto intitulado ―Culturas juvenis e corridas clan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong> carros e motos: corporalida<strong>de</strong> e<br />

masculinida<strong>de</strong>‖ tem como tema os ―rachas‖ <strong>de</strong> rua e aqueles que ocorrem no autódromo da cida<strong>de</strong><br />

numa tentantiva <strong>de</strong> instituicionalização <strong>de</strong>ssas práticas perigosas. O objetivo é <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os<br />

significados que os jovens atribuem à experiência da velocida<strong>de</strong>, às manobras e às suas<br />

experimentações <strong>de</strong> arrancada e <strong>de</strong>rrapagem, a partir das categorias <strong>de</strong> diferenciação social <strong>de</strong> classe,<br />

geração e gênero.<br />

A questão que guiou a pesquisa foi a <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r como esses grupos <strong>de</strong> jovens propoem<br />

<strong>de</strong>safios, afrontam perigos, correndo, por vezes, risco <strong>de</strong> vida, contrariamente ao discurso formal no<br />

qual os riscos são negados e controlados em um mundo tecnologizado e securitário como o nosso. Eles<br />

chamam essas competições <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ―rachas‖. A palavra em português vem do latin crepare e<br />

quer dizer explodir, se romper por excesso <strong>de</strong> tensão, abrir fendas, rachar. Mas, na linguagem popular<br />

quer dizer também dividir o dinheiro, a comida ou bebida e, na gíria, se refere ao sexo feminino. Esse<br />

último significado não é sem importância, pois os jovens entrevistados fazem referências recorrentes<br />

entre, <strong>de</strong> um lado, o prazer propiciado pelos ―rachas‖ na relação <strong>de</strong> seus corpos-consciência com a<br />

máquina acelerada e, <strong>de</strong> outro lado, o prazer sentido nas relações sexuais.<br />

A velocida<strong>de</strong> se tornou um valor central das socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais contemporâneas e vários<br />

autores, <strong>de</strong>ntre eles Sennet (1997), Virilio (1996), Featherstone (2004) e Elias (2006), a consi<strong>de</strong>ram<br />

como um dos aspectos mais importantes da revolução urbana e da vida mo<strong>de</strong>rna. A fascinação<br />

exercida pela potência dos motores e pela velocida<strong>de</strong> transformou essa última em uma nova forma <strong>de</strong><br />

extase que a revolução técnica tornou possível (Kun<strong>de</strong>ra, 1995).<br />

Os pressupostos centrais da pesquisa foram três: por um lado, a intimida<strong>de</strong> dos jovens do sexo<br />

masculino com a máquina, produzida no processo <strong>de</strong> socialização dos ―rachadores‖ no mundo dos<br />

motores e da velocida<strong>de</strong>, relativiza ou minimiza o risco; por outro, o exercício <strong>de</strong> valores próprios <strong>de</strong><br />

uma masculinida<strong>de</strong> hegemônica, através da comprovação pública <strong>de</strong> coragem e audácia propiciada<br />

pelos ―rachas‖, potencializa o risco vivenciado; e, finalmente, a experiência da velocida<strong>de</strong> parece<br />

representar para os jovens uma reação contre as formas <strong>de</strong> controle social e <strong>de</strong> autocontrole. A<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> produziu uma intensificação dos sentidos, mas, ao mesmo tempo, amortecendo-os, pois<br />

expoe os corpos à rapi<strong>de</strong>z dos acontecimentos e das referências que se multiplicam ao sabor da moda e<br />

do consumo. A experiência proporcionada pela velocida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria causar uma (re)intensificação das<br />

sensações corporais e das emoções e, além disso, gerar um sentimento <strong>de</strong> pertencimento a grupos<br />

constituidos por pares que compartilham gostos, preferências e práticas.<br />

Apontamentos metodológicos: da pesquisa na internet à pesquisa <strong>de</strong> campo<br />

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