14.06.2013 Views

Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

[...] na vida ―agorísta‖ dos cidadãos da era do consumista o motivo da pressa é, em parte, o impulso <strong>de</strong><br />

adquirir e juntar. Mas o motivo mais premente que torna a pressa <strong>de</strong> fato imperativa é a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar e substituir. Estar sobrecarregado com uma bagagem pesada que se hesita em abandonar<br />

por apego sentimental ou um impru<strong>de</strong>nte juramento <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>, reduziria a zero as chances <strong>de</strong> sucesso<br />

(p.50, grifos do autor)<br />

Bauman (2008) em suas análises avalia que essa transformação das relações e das coisas em<br />

mercadoria e os canais subjetivos <strong>de</strong> apelo ao ingresso <strong>de</strong> todos nesses circuitos, como sendo<br />

a única possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> humanização, é uma economia do engano (grifos do autor), pois,<br />

aposta na irracionalida<strong>de</strong> dos consumidores; ao estimular emoções consumistas e não<br />

estimular a razão. Continua avaliando que a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo só consegue prosperar por<br />

sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tornar perpétua a não satisfação <strong>de</strong> seus membros.<br />

No caso dos jovens em situação <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> drogas em Teresina, que também estão inseridos<br />

nesse espaço on<strong>de</strong> a cidadania é mercadoria, representada por um vestir, um falar e um ter<br />

dinheiro para acessar aos códigos semiológicos <strong>de</strong> inserção nesse mundo. Mas também, o<br />

estigma a eles atribuído pelo sistema midiático escrito e televisivo, e pela polícia e muitas<br />

vezes o Estado, que não acredita que eles possam ter um comportamento diferente do que o <strong>de</strong><br />

jovens violentos, criminosos, que <strong>de</strong>vem ser contidos a todo o momento e sobre os quais<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> violência, não só é consentido e <strong>de</strong>fendido, mas necessário e justificável,<br />

inclusive a morte e as torturas cotidianas, que ninguém sequer busca saber se ocorrem ou não,<br />

e em caso <strong>de</strong> ocorrerem ninguém buscar investigar e sanar, como seria <strong>de</strong> praxe numa<br />

<strong>de</strong>mocracia que prioriza a dignida<strong>de</strong> da pessoa humana. A violência cotidiana a que são<br />

submetidos pela polícia e por outros grupos em disputa pelos pontos <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> tráfico, e<br />

também a violência a que submetem suas comunida<strong>de</strong>s em muitos momentos e seus rivais<br />

quando lhes convém.<br />

Assim, compreen<strong>de</strong>ndo a questão a partir da contribuição <strong>de</strong>sses autores entendo que o processo <strong>de</strong><br />

formação das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s dos indivíduos é histórico e cultural, se efetiva pela existência <strong>de</strong> inúmeros<br />

contextos e práticas discursivas que <strong>de</strong>lineiam diferentes posições e papéis sociais atribuídos aos e<br />

assumidos pelos sujeitos. No processo interativo, o significado da ação somente po<strong>de</strong> ser apreendido e<br />

compartilhado quando a ação/papel recíproca (o) é consi<strong>de</strong>rada (o). Papéis e contra-papéis são<br />

reciprocamente assumidos, atribuídos, negociados, confrontados ou modificados. Na dinâmica <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> papéis, são configuradas <strong>de</strong>limitações e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> posicionamentos aos<br />

participantes. Essas possibilida<strong>de</strong>s, por se constituírem pela diversida<strong>de</strong> e, inclusive,<br />

contraditorieda<strong>de</strong>, permitem a emergência <strong>de</strong> resistências, tanto em relação aos discursos e práticas<br />

hegemônicas, quanto em relação às suas mudanças, po<strong>de</strong>ndo então favorecer continuida<strong>de</strong>s ou<br />

transformações no <strong>de</strong>correr da vida da pessoa.<br />

Uma triste realida<strong>de</strong>, uma análise necessária: ou apenas algumas pontos inquietantes.<br />

866

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!