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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

levar no centro a Cultura, que eu não vejo hoje, hoje eu não vejo B. Boy, porque a gente fazia vaquinha pra<br />

comprar pilha que era caro, todo mundo tinha que ralar pela família, porque o crescimento nosso foi assim,<br />

trabalhar, ajudar pagar uma luz em casa, tinha que pagar alguma coisa, a gente ia pro centro mostrar a cultura,<br />

[...] mas, a gente não pensava em pagamento não! (Entrevista concedida à autora em 16 jul. 2009).<br />

Aqui é possível notar que os B. Boys, quando organizavam as chamadas Culturas <strong>de</strong> Rua, eram<br />

impulsionados <strong>de</strong> forma coletiva, não só por uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar, mas também <strong>de</strong> fazerem-se<br />

presentes não apenas em seus bairros <strong>de</strong> origem, mas também no centro da cida<strong>de</strong>, propagando a nova<br />

dança e <strong>de</strong>sassossegando o cenário urbano.<br />

Com a expansão dos campeonatos em meados da década <strong>de</strong> 1995 e com a crescente tentativa <strong>de</strong><br />

captura do Hip Hop pelos mecanismos <strong>de</strong> controle social, estes eventos em espaços públicos foram<br />

diminuindo.<br />

Para traçar as linhas que constituem estes eventos, freqüentei vários <strong>de</strong>les; em minhas andanças,<br />

contava com a parceria <strong>de</strong> vários B. Boys.<br />

Como a cartografia é uma estratégia <strong>de</strong> pesquisa recente e não há muitas pesquisas publicadas que<br />

tenham sido feitas com essa estratégia, em nosso fazer cartográfico, estamos fazendo uma<br />

experimentação, não no sentido <strong>de</strong> erro e acerto, mas, <strong>de</strong> experimentar, lançar-me às misturas,<br />

<strong>de</strong>ixando-me levar pelos caminhos, como diz Serres (2001), sem rotas <strong>de</strong>terminadas.<br />

Muitos campeonatos <strong>de</strong> Breaking constituem-se um instrumento dos modos <strong>de</strong> produção capitalísticos,<br />

produzindo subjetivida<strong>de</strong>s privadas constituindo sujeitos sujeitados. Os campeonatos também, além <strong>de</strong><br />

se serem um modo <strong>de</strong> comercializar o Breaking, constituem uma estratégia eficaz <strong>de</strong> marketing <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s multinacionais.<br />

Entretanto, em meio às linhas duras <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s cristalizadas e privatizadas, alguns B. Boys nos<br />

apontavam que não buscavam promover-se por meio da dança, mas, propagar o movimento <strong>de</strong> criação<br />

da dança como matéria <strong>de</strong> expressão, como um legado a ser apropriado por outras gerações.<br />

Em um dos encontros que presenciamos, um campeonato que ocorria em um teatro, após o evento,<br />

espontaneamente, os B. Boys começaram a se articular e a dançar, ali mesmo na calçada. Percebemos<br />

esse acontecimento como uma máquina <strong>de</strong> guerra contra as estratégias <strong>de</strong> controle até então ofertadas<br />

pelo Estado, possibilitando uma experimentação livre dos corpos vibráteis.<br />

Também participei <strong>de</strong> eventos em que ocorria o contrário, havendo uma concessão para os B. Boys<br />

utilizarem o espaço público. Tal concessão po<strong>de</strong> ser compreendida como uma tentativa da parte dos<br />

mecanismos <strong>de</strong> controle social <strong>de</strong> assegurar que as práticas culturais do Hip Hop não perturbem à<br />

or<strong>de</strong>m urbana, já que estavam sob certa vigilância.<br />

Entretanto, os membros da equipe relatam que não é sempre que conseguem autorização para treinar<br />

ou para fazer eventos na rua; por isso, po<strong>de</strong>mos afirmar que são levados a outro movimento <strong>de</strong><br />

apropriação e <strong>de</strong> criação coletiva, uma vez que o corpo vibrátil sempre escapa às tecnologias <strong>de</strong><br />

controle.<br />

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