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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

caracterizam como atuantes no campo da <strong>Educação</strong> não-formal e estão localizadas na periferia da cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Campinas, em um dos lados da Rodovia Anhanguera. Uma <strong>de</strong>las localiza-se no bairro Vila Castelo<br />

Branco e a outra no bairro Nova Aparecida.<br />

Faz parte da metodologia <strong>de</strong>sta pesquisa oferecer cursos <strong>de</strong> formação para os educadores e<br />

coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos das duas instituições focalizadas, centrando-se no histórico e conceituação da<br />

educação não-formal, na reformulação <strong>de</strong> metodologias <strong>de</strong> trabalho pedágogico e registros reflexivos, bem<br />

como em discussões temáticas sobre o excesso <strong>de</strong> institucionalização e o direito a cida<strong>de</strong>, para que possam<br />

conscientizar-se e <strong>de</strong>senvolver ações mais voltadas para o campo e o público com que lidam,<br />

especialmente os jovens, suas problemáticas, necessida<strong>de</strong>s, interesses na contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Paralelamente a isso, buscar aproximar as duas instituições e seus educadores e coor<strong>de</strong>nadores –<br />

física e virtualmente – <strong>de</strong> modo a po<strong>de</strong>rem trocar experiências e referenciais e, assim, construir e reforçar<br />

laços profissionais que auxiliem o processo <strong>de</strong> aprimoramento do ato educativo. E com isso, provoca-se o<br />

movimento <strong>de</strong> fazer a “periferia falar com a periferia”.<br />

O excesso <strong>de</strong> institucionalização<br />

Richard Sennett (1988), em seu livro ―O <strong>de</strong>clínio do homem público‖, analisa as mudanças<br />

que ocorreram entre as esferas da vida pública e da vida privada e as repercussões disso especialmente<br />

no que tange ao esvaziamento <strong>de</strong> uma vida pública. Ao lado disso, ele relaciona esse esvaziamento da<br />

vida pública ao enfraquecimento da vida no meio urbano, na cida<strong>de</strong>.<br />

Apontando os fatores que permitiram um <strong>de</strong>clínio da vida pública - o capitalismo e o<br />

aburguesamento - e, conseqüentemente, da vida urbana, Sousa, em sua resenha sobre o livro diz que:<br />

―Além <strong>de</strong> transformar as relações comerciais existentes entre as pessoas, o capitalismo também foi<br />

responsável por uma privatização na vida burguesa, privatização que impeliu as pessoas a medirem a<br />

vida pública em termos <strong>de</strong> uma moralida<strong>de</strong>. Já que a vida íntima era moralmente melhor, o mundo<br />

público passa a ser visto como um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m e caos, lugar aon<strong>de</strong> as pessoas <strong>de</strong>veriam se<br />

proteger dos estranhos. É neste ponto que surge uma nova forma <strong>de</strong> aparecimento em público e, <strong>de</strong><br />

acordo com os novos termos para relacionamento com estranhos, uma entrada da personalida<strong>de</strong> no<br />

domínio público. Entretanto, <strong>de</strong>vemos antes observar como uma nova forma <strong>de</strong> secularida<strong>de</strong><br />

contribuiu para se enfraquecer o espaço público como um espaço <strong>de</strong> interação‖ (s/p).<br />

Essa interiorização dos sujeitos em espaços particularizados (domésticos ou não) repercute nas<br />

formas <strong>de</strong> interação entre esses sujeitos e os espaços da cida<strong>de</strong>, que se relacionam com noção <strong>de</strong><br />

cidadania no sentido <strong>de</strong> sermos cidadãos, ou moradores da cida<strong>de</strong>, com direito <strong>de</strong> uso, apropriação e<br />

intervenção.<br />

―A relação com um mundo <strong>de</strong> estranhos que po<strong>de</strong>ria ser construída em meados do século XVIII sobre<br />

um código <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> socialmente instituído não é mais possível: as pessoas agora se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m<br />

dos estranhos, pois qualquer contato é sempre um contato íntimo. A diferença passa a ser um perigo<br />

constantemente ameaçador. A vida em pública só é possível em termos <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> que<br />

proporcione a criação <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong> coletiva ou em torno <strong>de</strong> uma personalida<strong>de</strong> pública<br />

encerrada em um artista ou político‖ (s/p).<br />

E assim, justifica-se o fechamento em lugares privados em razão da violência urbana, da<br />

<strong>de</strong>sconfiança e medo do outro (estranho, inimigo, <strong>de</strong>sconhecido). Como diz Baumann (2009): ―nossos<br />

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