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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

E isto não <strong>de</strong>ve nos surpreen<strong>de</strong>r: a <strong>de</strong>struição da intimida<strong>de</strong> e da vida interior, sobretudo a do<br />

adolescente, é uma condição sine qua non para seu a<strong>de</strong>stramento posterior como marionete do<br />

mercado e cliente fiel da farândola. (BORDELOIS, 2005, p. 32)<br />

Em minhas buscas encontrei visões, como a <strong>de</strong> Bosi, com as quais compactuo. Bosi <strong>de</strong>staca<br />

que Goethe e o linguista Humboldt criaram uma teoria da expressão que enten<strong>de</strong> a linguagem como<br />

energeia, termo grego que significa ―força em ação‖, ―produção‖ e ainda ―força operante em cada<br />

signo, ou, nos termos antigos, alma inerente ao corpo, e <strong>de</strong>le inscindível.‖ (Bosi, 2004, p. 54)<br />

Creio na energia e na força das palavras. Palavras gerando atos e atitu<strong>de</strong>s. A força da palavra<br />

escrita. A força do som da palavra dita. Força racional, emocional, sensorial, mágica, profética,<br />

poética.Creio na poesia.<br />

A poesia é uma forma <strong>de</strong> energia. (...) O poema: energia rítmica, emocional, imagística, semântica.<br />

Energia que se manifesta na linguagem e como linguagem, mas que não é apenas verbal: enraíza-se<br />

nas pulsações da matéria cósmica e da vida em geral, singularmente na humana. O mistério existencial<br />

e sagrado da palavra. A força mágica da linguagem-criação. (...) Parto e geometria. Vidência e<br />

arquitetação. (ANTÔNIO, 2002, p. 20)<br />

Poesia e prosa. Ciência e Arte. Citarei Morin, o filósofo francês da teoria da complexida<strong>de</strong>.<br />

Para ele ―a própria ciência tem a sua poesia. Lautréamont cantou a beleza da matemática rigorosa.‖<br />

Morin <strong>de</strong>staca que Höl<strong>de</strong>rlin estava certo ao dizer que ―o homem habita poeticamente a terra‖, mas<br />

consi<strong>de</strong>ra que cabe complementar: ―O homem habita poética e prosaicamente a terra‖. (MORIN, 2007,<br />

p.137)<br />

Para Morin a ―prosa <strong>de</strong>nota, precisa, <strong>de</strong>fine. Está mais ligada à nossa ativida<strong>de</strong> racional –<br />

lógica – técnica.‖ Diz ainda que ―vivemos o estado prosaico, em situação utilitária e funcional, nas<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinadas à sobrevivência, (...) no trabalho submetido, monótono, fragmentado,na ausência<br />

e no recalcamento da afetivida<strong>de</strong>‖. (MORIN, 2007, p.136)<br />

Morin faz uma crítica às ciências humanas, que salvo algumas exceções, ignora ―uma<br />

dimensão antropológica capital: o ser humano não vive só <strong>de</strong> pão, não vive só <strong>de</strong> mito, vive <strong>de</strong> poesia.<br />

Vive <strong>de</strong> música, <strong>de</strong> contemplações, <strong>de</strong> flores, <strong>de</strong> sorrisos.‖ (MORIN, 2007, p.137)<br />

Estas palavras vão <strong>de</strong> encontro à minha busca por uma educação –uma vida – significativa,<br />

prazerosa, poética. Claro que para isto precisamos <strong>de</strong> transformações sociais, políticas, econômicas,<br />

enfim, culturais. Esta mudança <strong>de</strong> cultura implica em uma valorização da arte, do lúdico, do tempo<br />

livre para contemplações. Quando se percebe isto, luta-se não somente pelos pães, mas também pela<br />

poesia.<br />

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