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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

infantil, tais como mostradas por Neto, Neves e Jayme (2002). Os autores mencionam a existência <strong>de</strong><br />

uma grave tendência, por parte <strong>de</strong> vários segmentos sociais, <strong>de</strong> associarem a ativida<strong>de</strong> remunerada <strong>de</strong><br />

crianças e adolescentes não com ―um problema, mas a solução para a pobreza‖ (NETO, NEVES &<br />

JAYME, 2002, p.91).<br />

Informações sobre o <strong>de</strong>clínio do trabalho infantil em nosso país encontram-se presentes no relatório da<br />

OIT (2006), que informa que nos últimos 15 anos (1990-2005), o Brasil conseguiu reduzir número <strong>de</strong><br />

crianças trabalhadoras, tendo o PETI (criado em 1996 aten<strong>de</strong> atualmente 01 milhão <strong>de</strong> crianças e<br />

adolescentes) contribuído para isto.<br />

Entretanto, o referido relatório afirma que ainda existem no Brasil cerca <strong>de</strong> 05 milhões <strong>de</strong> meninos e<br />

meninas trabalhando, alguns <strong>de</strong>les inseridos nas piores formas <strong>de</strong> trabalho infantil.<br />

Apesar <strong>de</strong> avanços no enfrentamento ao trabalho infantil, Abramo (2006) afirma que a dinâmica <strong>de</strong><br />

exploração <strong>de</strong> crianças e adolescentes nas ativida<strong>de</strong>s informais urbanas vem crescendo no Brasil. Para<br />

a autora, as estratégias bem sucedidas implementadas na década <strong>de</strong> 1990 no combate ao envolvimento<br />

<strong>de</strong> crianças e adolescentes em empresas formais ―não se aplicam da mesma maneira às ativida<strong>de</strong>s<br />

informais urbanas, já que nelas as dinâmicas das relações <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong> emprego são<br />

substancialmente diferentes‖ (p.07).<br />

A maneira como se configura o trabalho infantil atualmente, na ativida<strong>de</strong> informal urbana nos traz<br />

novos <strong>de</strong>safios à política pública e às estratégias <strong>de</strong> fiscalização do trabalho, especialmente porque,<br />

conforme relata Abramo (2006), o trabalho urbano acaba funcionando como algo atraente para<br />

crianças e adolescentes que buscam nele sua sobrevivência, sendo que a sua permanência nas ruas das<br />

nossas cida<strong>de</strong>s os expõem a riscos.<br />

Com relação ao trabalho infantil doméstico a Agência <strong>de</strong> Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) o<br />

caracteriza como sendo um trabalho ―invisível‖. No livro ―Crianças Invisíveis – o enfoque da<br />

imprensa sobre o trabalho infantil doméstico e outras formas <strong>de</strong> exploração‖ (2003), a ANDI apresenta<br />

a idéia <strong>de</strong> invisibilida<strong>de</strong> do trabalho infantil doméstico, pelo fato do mesmo ocorrer no interior das<br />

próprias casas das crianças e adolescentes trabalhadoras, ou no interior da casa <strong>de</strong> terceiros. Portanto, é<br />

uma forma <strong>de</strong> trabalho que não é visibilizada, da maneira como ocorre com outras formas <strong>de</strong> trabalho<br />

infantil (tais como a exploração sexual, o trabalho informal na rua, o trabalho na agricultura, nos<br />

lixões) que se manifestam em locais abertos, e não na esfera privada.<br />

Alberto (2005) também aponta este caráter <strong>de</strong> ocultamento do trabalho infantil doméstico, protegido<br />

pela inviolabilida<strong>de</strong> do lar, confirmado em pesquisa feita em João Pessoa.<br />

Segundo relatório da ANDI (2005), no Brasil, praticamente meio milhão <strong>de</strong> crianças e adolescentes<br />

trabalham como domésticas em casa <strong>de</strong> terceiros. Por trabalho infantil doméstico estamos<br />

consi<strong>de</strong>rando os ―afazeres domésticos <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> casas, pessoas ou animais (domésticos) executados<br />

para as próprias famílias ou para terceiros‖ (ALBERTO, 2005), po<strong>de</strong>ndo envolver ou não pagamentos<br />

<strong>de</strong> qualquer natureza.<br />

A literatura brasileira da área dá um forte enfoque aos aspectos negativos do trabalho infantil,<br />

associados aos riscos e prejuízos em várias dimensões do <strong>de</strong>senvolvimento infanto-juvenil,<br />

consi<strong>de</strong>rando a histórica violência estrutural produtora <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e exclusão social, geradora <strong>de</strong><br />

práticas exploratórias no mundo do trabalho. Apesar disso, encontramos pesquisadores<br />

(INVERNIZZI, 2003; LEONARD, 2004; LIEBEL, 2003, 2005; WOODHEAD, 1999, 2004) que vem<br />

realizando pesquisas sobre o tema em outros países (<strong>de</strong>ntre os quais outros países da America Latina)<br />

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