Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

I Seminário Violar – Problematizando as Juventudes na Contemporaneidade –
11 a 13 de Agosto 2010
[...] percebemos que o projeto não tem ocorrido isoladamente,
descontextualizado. Ao contrário, neste ano ficaram visíveis as
possibilidades de intercâmbios que podemos fazer tanto em nível de grupo,
quanto no nível individual. Muitos de nossos alunos mais velhos buscaram
aulas no conservatório ou com outros professores de fora da cidade, e hoje já
se encontram inseridos num universo maior do que aquele que o bairro pode
oferecer. Temos alunos que já tocam até mesmo na orquestra da
Universidade Federal de Uberlândia e recentemente tivemos um de nossos
alunos aprovados na seleção para uma orquestra profissional, fora de
Uberlândia. Estes dados nos mostram que trocas têm ocorrido entre o projeto
e a sociedade, de maneira que nossos alunos têm podido alcançar novas
perspectivas e uma circulação social muito mais ampla, seja através das
habilidades individuais, seja participando da orquestra, que circulou por
vários espaços dentro da cidade‖ (INSTITUTO ALGAR 2008, p.5-6).
Reconhecendo a inserção prematura dos jovens da comunidade atendida pelo projeto ao
mercado de trabalho, ainda no relatório do ano 2008 (Ibid., p. 73-74) a coordenadora salienta que:
[...] Isto força suas saídas do projeto e das atividades musicais. O que se
propõe então é que, mantenhamos as atividades com estes alunos que já
estão presentes no projeto, mas que se intensifiquem as aulas para alunos do
1º ao 5º ano, de maneira que quando estes chegarem à idade entre 15 e 18
anos, já estejam em condições de obter renda com a música.
Se para muitos dos jovens do projeto a atividade musical configura-se como um hobby, para
outros é, não só uma escolha para a vida profissional futura, mas uma concreta fonte de renda.
Viviane 50 , que assumiu sua intenção de trabalhar profissionalmente na área de Ciências
contábeis, fala sobre a necessidade de concluir o curso Técnico instrumental do conservatório
anteriormente citado com vistas a sua atuação como professora de música. Juliana e Jhony, embora
desejando a Música como profissão não tomam o ensino em primeiro plano, mas também não o
descartam, até mesmo em virtude de sua vivência enquanto monitores - auxiliando o maestro e
ensinando às crianças também atendidas pelo projeto. Já Charly fala em cursar graduação em Música
―para ser um músico formado, ter técnica e dar aulas‖ (Diário de campo - 20/11/09, p. 214).
Um caminho que jovens como Viviane e Éderson já têm traçado, é o dos músicos que se
apresentam em eventos sociais. Segundo Edna, a mãe dos dois irmãos, ―Viviane pagou o seu violino
50 Os nomes dos atores são fictícios.
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