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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

brincos, os cabelos arrumados, alguns tratados com gel. Vestiam calças e camisetas justas, mas sem<br />

exagero‖ (p 171). Apesar da estigmatização a eles direcionada em alguns momentos, observa que isto<br />

não impedia a convivência <strong>de</strong>les com os <strong>de</strong>mais e que<br />

―Os homossexuais compartilham as fogueiras, a pinga, a comida, e fazem parte <strong>de</strong> outras<br />

sociabilida<strong>de</strong>s cotidianas da rua. São incluídos, inclusive, por meio <strong>de</strong> suas qualida<strong>de</strong>s femininas:<br />

carinhosos, acolhedores, dóceis. Elas são incluídas na condição feminina, até no que diz respeito à<br />

satisfação sexual. Muitos homossexuais possuíam maridos na rua. (...). Da parte dos homens, as<br />

manifestações da libido são (...) insinuantes quando associadas a seus companheiros homens ou<br />

homossexuais ‗<strong>de</strong> coberta‘‖ (p 198)<br />

Frangella (2004) observa, a exemplo <strong>de</strong> Escorel (1999), que a prática homoerótica muito<br />

difundida não significa a i<strong>de</strong>ntificação por parte da maioria dos que a praticam como homossexual.<br />

Segundo ela, na ―ausência <strong>de</strong> mulheres, e embriagados sob a intimida<strong>de</strong> dos cobertores, homens<br />

ce<strong>de</strong>m seus carinhos a outros homens, ainda que isso seja pouco assumido‖ (p. 219).<br />

Excelentes em relação à análise feita <strong>de</strong> outros aspectos da vida da população <strong>de</strong> rua, estes<br />

estudos não buscam analisar a possível convergência da exclusão <strong>de</strong> classe com aquela sofrida pela<br />

orientação ou prática sexual por parte <strong>de</strong>ste segmento. Na literatura internacional, contudo, há um<br />

número significativo <strong>de</strong> estudos sobre o tema, em espacial nos Estados Unidos e Reino Unido. .<br />

Os estudos disponíveis sobre a categoria que os norte-americanos <strong>de</strong>nominam homeless 224 são<br />

voltados principalmente às questões relacionadas à saú<strong>de</strong> física e mental. Enquanto na literatura<br />

brasileira o recorte predominante se faz entre ―crianças e adolescentes <strong>de</strong> rua‖, <strong>de</strong> um lado, e<br />

―população adulta <strong>de</strong> rua‖, <strong>de</strong> outro, nos EUA é mais freqüente o recorte dos homeless youths,<br />

segmento que inclui o adolescente <strong>de</strong> rua ou que vive em abrigos e se esten<strong>de</strong> em alguns estudos até a<br />

faixa dos 20 anos. É justamente nesse grupo que se concentra a maioria das pesquisas que enfocam o<br />

comportamento e orientação sexual dos homeless norte-americanos.<br />

Whitbeck et al. (2004), Rew et al. (2005) e Hy<strong>de</strong> (2005) observaram que os(as) jovens LGBT<br />

(lésbicas, gays, bissexuais e trangêneros) são muito mais susceptíveis a serem expulsos(as) ou fugirem<br />

<strong>de</strong> casa 225 em uma ida<strong>de</strong> precoce do que os(as) heterossexuais, o que leva muitos(as) a viverem em<br />

abrigos ou nas ruas. Ainda que com metodologias diferentes, estudos feitos na Costa Oeste norte-<br />

americana mostram que a proporção <strong>de</strong> jovens que se i<strong>de</strong>ntificam como LGBT em relação ao total <strong>de</strong><br />

jovens homeless se situa em torno <strong>de</strong> 20 % nas cida<strong>de</strong>s maiores, porcentagem que é significativamente<br />

224<br />

O termo homeless, a exemplo dos termos utilizados no Brasil, tem <strong>de</strong>finição distinta para<br />

diferentes autores. Em geral, porém, é mais abrangente que seus congêneres nacionais. O US Co<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fine homeless como um indíviduo que não tem uma residência noturna fixa, regular e a<strong>de</strong>quada ou<br />

que frequenta alguma das várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abrigo oferecidas.<br />

225<br />

Rew et al. (2005) citam que 73% dos jovens homeless gays e lésbicas <strong>de</strong> sua pesquisa<br />

referiram ter <strong>de</strong>ixado a cas dos pais por <strong>de</strong>saprovação em, relação a sua orientação sexual, , enquanto<br />

25 % dos jovens bissexuais disseram o mesmo.<br />

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