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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

Partindo <strong>de</strong>ssas questões sobre adolescência e corpo adolescente, colocadas como problemas<br />

<strong>de</strong> pesquisa, foram realizadas observações sistemáticas <strong>de</strong> aulas para profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

especializandos em adolescência, discussões <strong>de</strong> casos clínicos e entrevistas semi estruturadas<br />

com esses profissionais.<br />

A pesquisa foi realizada em um espaço biomédico 230 <strong>de</strong> atenção e <strong>de</strong> especialização em<br />

adolescência. Buscou-se avaliar como os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, das diversas áreas -<br />

medicina, fonoaudiologia, nutrição, educação física, odontologia e psicologia – constroem a<br />

noção <strong>de</strong> adolescência e <strong>de</strong> corpo adolescente e, apoiados a isso, <strong>de</strong>senvolvem sua prática.<br />

Adolescência e normalida<strong>de</strong><br />

No campo biomédico há uma noção <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>/anormalida<strong>de</strong> permeando os discursos e<br />

as percepções sobre adolescência. Baseado no que <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> Síndrome da adolescência<br />

normal, termo cunhado pelo psicanalista Mauricio Knobel, a adolescência 231 é compreendida<br />

como um período <strong>de</strong> profundas transformações biopsicosociais, <strong>de</strong>las fazendo parte um<br />

conjunto <strong>de</strong> comportamentos, consi<strong>de</strong>rados ―normais‖ na adolescência: ―busca <strong>de</strong> si mesmo;<br />

separação progressiva dos pais; tendência grupal; <strong>de</strong>senvolvimento do pensamento abstrato e<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intelectualizar e <strong>de</strong> fantasiar; evolução da sexualida<strong>de</strong>; crises religiosas; vivência<br />

temporal singular; atitu<strong>de</strong> social reivindicatória; constantes flutuações <strong>de</strong> humor; manifestações<br />

contraditórias da conduta‖ (Saito e Leal, 2001, p. 106).<br />

Segundo a percepção biomédica, a saída da ―normalida<strong>de</strong>‖ é dada quando esse comportamento <strong>de</strong>ixa<br />

<strong>de</strong> ser ―a<strong>de</strong>quado‖ para a família e/ou para o convívio social; quando há excesso, manifesto pela<br />

expressão <strong>de</strong> um comportamento mais violento nas atitu<strong>de</strong>s reivindicatórias, ou uma reclusão mais<br />

acentuada do adolescente em si mesmo, enfim, excessos perceptíveis, especialmente pela família, em<br />

um ou mais dos itens comportamentais consi<strong>de</strong>rados ―normais‖ na adolescência. A saída da<br />

―normalida<strong>de</strong>‖, pelo aparecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados ―sintomas‖ possibilita, então, a intervenção<br />

biomédica e, no limite, a medicalização.<br />

Há, portanto, uma noção <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> anterior, pressuposta como um padrão a ser<br />

encontrado, segundo variabilida<strong>de</strong>s possíveis, que <strong>de</strong>finem o momento da intervenção pela<br />

saída <strong>de</strong>ssa normalida<strong>de</strong>. Trata-se, assim, da volta ao que é consi<strong>de</strong>rado ―normal‖, em termos<br />

<strong>de</strong> comportamento esperado na adolescência.<br />

Em sua obra O normal e o patológico, Canguilhem discute essa idéia <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong><br />

preconcebida, argumentando a favor da existência <strong>de</strong> uma relação entre o normal e o<br />

patológico e, a partir <strong>de</strong>sta, da elaboração <strong>de</strong> significados <strong>de</strong>finidos, em dado tempo e lugar,<br />

pela experiência da doença no indivíduo. É o indivíduo, portanto, que informa o médico sobre<br />

seu estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e não uma noção <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> dada a priori e <strong>de</strong> modo objetivo.<br />

230<br />

O termo biomedicina diz respeito a uma racionalida<strong>de</strong> médica, característica da medicina oci<strong>de</strong>ntal<br />

contemporânea, da qual fazem parte: ―uma morfologia ou anatomia humana; uma fisiologia ou dinâmica vital;<br />

um sistema <strong>de</strong> diagnóstico; um sistema <strong>de</strong> intervenções terapêuticas e uma doutrina médica‖. (Camargo Júnior,<br />

2003, p.101).<br />

231<br />

Segundo a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – OMS, a adolescência é <strong>de</strong>finida em termo etários, que vai dos<br />

<strong>de</strong>z aos <strong>de</strong>zenove anos e onze meses. Dentro <strong>de</strong>ssa faixa, a adolescência é dividia em pré-adolescência,<br />

adolescência e adolescência tardia ou pós adolescência.<br />

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