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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

ou pelo Estado. ―Enquadram-se neste tipo <strong>de</strong> violência a exclusão socioeconômica, a discriminação, o<br />

racismo, <strong>de</strong>ntre outros‖ (SEE, 2009a, p.12).<br />

Distingue, igualmente, as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> violência citadas pela OMS, que seriam a Violência Física, a<br />

Violência Psicológica, a Violência Sexual e a Privação ou Negligência.<br />

Pela observação dos termos utilizados nesta conceituação, po<strong>de</strong>mos supor que a violência é entendida<br />

como uma ação física, psicológica ou moral. Algo praticado contra a vonta<strong>de</strong> do outro. Uma ação que<br />

é executada <strong>de</strong> maneira concreta, efetiva, exercida pelo violentador e entendida como brutal pelo<br />

violentado. Nesse movimento, a ação teria apenas um sentido: <strong>de</strong> um lado o violentador, que exerceu a<br />

ação com intenção clara, agressivida<strong>de</strong> e força; do outro lado o violentado, <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> culpa e<br />

consciente da ação pela qual foi submetido. De acordo com essa <strong>de</strong>finição, a violência possui<br />

objetivos específicos: a <strong>de</strong>struição parcial ou total do outro.<br />

Tratando sobre a violência escolar, Charlot (2002), caracteriza-a como: violência na escola,<br />

violência à escola e violência da escola. Essa diferenciação é importante por contribuir para a<br />

reflexão dos diferentes processos <strong>de</strong> produção da violência escolar e, portanto das diferentes<br />

formas <strong>de</strong> abordá-la. Para o autor, se a escola é em gran<strong>de</strong> medida impotente com respeito à<br />

violência na escola, isto é, a violência que é reflexo do mundo externo, ela não o é com<br />

respeito a sua ação face à violência à escola e da escola.<br />

A violência na escola e à escola referem-se à violência dos alunos. Segundo o autor ―a<br />

violência na escola é aquela que se produz <strong>de</strong>ntro do espaço escolar, sem estar ligada à<br />

natureza e às ativida<strong>de</strong>s da instituição escolar‖ (CHARLOT, 2002, p.434). É aquela violência<br />

que a<strong>de</strong>ntra o espaço escolar, como quando os jovens competem entre si por prestígio, honra e<br />

respeito. Já a violência à escola está ―ligada à natureza e às ativida<strong>de</strong>s da instituição escolar:<br />

quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os insultam‖. Ou seja,<br />

violências que visam diretamente a instituição escolar e aqueles que a representam.<br />

A violência da escola correspon<strong>de</strong> à violência produzida pela própria instituição e é<br />

caracterizada pelo autor como ―uma violência institucional, simbólica, que se expressa pela<br />

maneira como a instituição e seus agentes tratam os jovens‖ (CHARLOT, 2002, p.434). A<br />

violência da escola diz respeito às relações pedagógicas que tem como sustentação a<br />

autorida<strong>de</strong> pedagógica e a legitimida<strong>de</strong> da instituição escolar, ou seja, a violência que se<br />

relaciona à natureza e às ativida<strong>de</strong>s da instituição escolar como conteúdos, métodos <strong>de</strong><br />

trabalho e avaliação.<br />

Tomando <strong>de</strong> uma maneira mais ampla o conceito <strong>de</strong> violência, Maffesoli (1981) enten<strong>de</strong> que a mesma<br />

é estrutural à vida em socieda<strong>de</strong> e comum ao processo civilizatório. Encontra-se na lógica <strong>de</strong><br />

dominação e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que os po<strong>de</strong>res instituídos impõem aos indivíduos, na tentativa <strong>de</strong> planificar e<br />

transformar a pluralida<strong>de</strong> em homogeneida<strong>de</strong>. Do mesmo modo, a violência encontra-se nas<br />

resistências, banais ou renovadoras, que os indivíduos têm a esta imposição.<br />

A violência não se limita apenas a violência visível, concreta, física, psicológica ou moral. Ela faz<br />

parte <strong>de</strong> um sistema simbólico que atinge constante e legitimamente os indivíduos <strong>de</strong> maneira oculta.<br />

Suas intenções não são tão claras e unilaterais como é <strong>de</strong>finido pelo Manual. Ela po<strong>de</strong> ser conduzida<br />

em re<strong>de</strong>, numa integração <strong>de</strong> manifestações violentas e resistências, assumindo diversos papéis que<br />

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