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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

outro modo <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> não se trata <strong>de</strong> modo algum em submeter-se à<br />

formação social tal como ela existe. Trata-se <strong>de</strong> explorar as múltiplas ramificações sociais e<br />

políticas que aquele que cometeu um ato <strong>de</strong>lituoso põe em jogo para mobilizá-las 384 , e até<br />

mesmo inventar outras formas <strong>de</strong> divisão do trabalho que não terão mais por finalida<strong>de</strong> a<br />

reprodução das normas sócio-econômicas, mas o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> viver 385 , em todo lugar on<strong>de</strong> se<br />

busca (I<strong>de</strong>m, p. 102).<br />

A propósito da orientação dos agenciamentos e os movimentos sociais<br />

Se o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> segurança é uma forma <strong>de</strong> captura que se sustenta no medo, no preconceito,<br />

nos sentimentos mais conservadores, po<strong>de</strong>mos dizer que há outras, não menos terríveis. O<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> status, por exemplo. Por outro lado, se os conflitos, as violências, as dores e as<br />

<strong>de</strong>cepções, po<strong>de</strong>m dar a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se problematizar a or<strong>de</strong>m social, <strong>de</strong> se criar novas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vida, individualmente, em grupo, ou através <strong>de</strong> movimentos sociais, não<br />

po<strong>de</strong>mos nos esquecer que o fascismo também foi, e é, um movimento social, um modo <strong>de</strong><br />

respon<strong>de</strong>r a esses problemas. Assim, se há diferentes modos <strong>de</strong> se assumir e <strong>de</strong> se produzir a<br />

própria existência, penso ser importante nos perguntamos a respeito da orientação dos<br />

agenciamentos. Não se trata <strong>de</strong> buscar uma garantia, ou uma certeza para nossas ações, mas,<br />

sim, um cuidado e uma prudência com o que estamos ajudando a produzir. Não nos<br />

esqueçamos, que os nazistas queriam ―embelezar‖ a humanida<strong>de</strong>, a partir <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

ser humano consi<strong>de</strong>rado como perfeito! Algumas das questões colocadas nesse parágrafo são<br />

temas <strong>de</strong> outros trabalhos. Para finalizar este texto, gostaria <strong>de</strong> fazer um breve comentário do<br />

filme ―Canção da Liberda<strong>de</strong>‖.<br />

Owen 386 , filho <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> negros, não admirava seu pai. Ele não conseguia enten<strong>de</strong>r<br />

porque seu pai havia batido nele na frente <strong>de</strong> brancos, no interior da lanchonete da rodoviária,<br />

sendo mais forte que eles. Owen teve uma infância feliz antes disto. Tinha uma casa<br />

aconchegante, uma comunida<strong>de</strong> que o protegia, uma família que o amava. Ainda não havia<br />

aprendido que não podia entrar em certos lugares, mesmo sendo públicos. Não havia se<br />

perguntado por que os filhos dos brancos iam para a escola <strong>de</strong> ônibus, pago pela prefeitura, e<br />

os negros à pé. Não havia se perguntado por que, no ônibus, as mulheres negras <strong>de</strong>veriam<br />

ce<strong>de</strong>r o lugar para os homens brancos. Seu pai, <strong>de</strong>pois que voltou da guerra, havia lhe<br />

prometido que um dia ele tomaria um café na lanchonete da rodoviária e, aos poucos, iniciou<br />

uma campanha para que os negros votassem. Mas a resposta foi o isolamento por parte dos<br />

brancos e também dos negros que trabalhavam para brancos e que tinham medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o<br />

emprego.<br />

384<br />

Extrair as minorida<strong>de</strong>s que o ato põe em jogo, ao invés <strong>de</strong> tentar recuperá-lo, <strong>de</strong> tentar readaptá-lo à formação<br />

social dominante.<br />

385<br />

Grifos meus<br />

386<br />

Trata-se da personagem do filme ―Canção da Liberda<strong>de</strong>‖, do diretor Phil Al<strong>de</strong>n Robinson, ambientado na<br />

década <strong>de</strong> 60, nos Estados Unidos.<br />

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