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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

Nesse sentido, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar que, ao mesmo tempo em que os veículos <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> massa tentam se apropriar do Hip Hop e <strong>de</strong> seus atores, homogeneizando<br />

suas subjetivida<strong>de</strong>s, eles também disparam movimentos <strong>de</strong> resistência aos veículos<br />

midiáticos.<br />

É possível afirmar que a postura radical <strong>de</strong> Mano Brown, rapper dos Racionais Mc‘s,<br />

po<strong>de</strong> ser traduzida como uma batalha e como um rompimento aos modos hegemônicos <strong>de</strong><br />

produção musical veiculados pelos mecanismos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa, como a mídia. Ao<br />

longo <strong>de</strong> sua trajetória, o grupo não só se mantém radical, como produz outras formas <strong>de</strong><br />

propagar suas músicas.<br />

Além das gran<strong>de</strong>s gravadoras e dos canais televisivos tentarem se apropriar do Hip<br />

Hop, po<strong>de</strong>mos também citar o fato <strong>de</strong> que, a partir <strong>de</strong> 1995, com a expansão dos campeonatos<br />

<strong>de</strong> Breaking, várias empresas multinacionais como Red Bull, LG, Nike, <strong>de</strong>ntre outras,<br />

começaram a patrocinar eventos da dança. Algumas <strong>de</strong>ssas marcas, inclusive, produzem<br />

eventos em vários países (Diário <strong>de</strong> Bordo).<br />

Guattari e Rolnik (1986, p. 17) nos propõem que, em meio aos modos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

subjetivida<strong>de</strong> homogêneas, em uma articulação simultânea e coexistente, é possível engendrar<br />

modos singulares <strong>de</strong> subjetivação, os quais também po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>nominados <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />

singularização, construindo ―uma maneira <strong>de</strong> recusar todos esses modos <strong>de</strong> manipulação e <strong>de</strong><br />

telecomando, recusá-los para construir modos <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, modos <strong>de</strong> relação com o<br />

outro, modos <strong>de</strong> produção [...] que produzam uma subjetivida<strong>de</strong> singular‖. Assim, o autor nos<br />

explica que se trata <strong>de</strong> uma singularização existencial que vai ao encontro do <strong>de</strong>sejo.<br />

Ainda com relação à cultura, Guattari e Rolnik (1986) nos explicam que ela não é só um<br />

modo <strong>de</strong> transmitir informação cultural, ou <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lização, mas, é também uma<br />

―maneira <strong>de</strong> as elites capitalísticas exporem um mercado geral <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r‖ (p. 20). É nesse<br />

sentido que a cultura constitui um modo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>, pois, ao constituir-se<br />

como um dos modos fundamentais <strong>de</strong> controle, acaba tornando-se um dos modos <strong>de</strong> produção<br />

da subjetivida<strong>de</strong>. O autor também nos esclarece que a imprensa busca se apropriar <strong>de</strong> fluxos<br />

<strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>, visando produzir cotidianamente subjetivida<strong>de</strong>s serializadas, produzindo<br />

indivíduos e ―processos empobrecidos‖ (p. 39).<br />

Tendo em vista o caráter móvel das forças, ao analisar os processos singulares <strong>de</strong> expressão e<br />

os mecanismos <strong>de</strong> controle que tentam cooptá-los, Guattari e Rolnik (1986) assinalam:<br />

Para mim é importante consi<strong>de</strong>rar que estes processos <strong>de</strong> singularização po<strong>de</strong>m ser, por um lado, capturados por<br />

circunscrições, por relações <strong>de</strong> força que lhes dão essa figura <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> – nunca esquecendo que se trata <strong>de</strong><br />

um conceito perfeitamente reacionário, mesmo quando manejado por movimentos progressistas. Por outro lado,<br />

esses mesmos processos po<strong>de</strong>m, concomitantemente, funcionar no registro molecular, escapando totalmente a<br />

essa lógica ―i<strong>de</strong>ntitária‖ (GUATTARI e ROLNIK, 1986, p. 71).<br />

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