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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

No capitalismo só uma coisa é universal, o mercado. Não existe Estado universal, justamente<br />

porque existe um mercado universal cujas se<strong>de</strong>s são os Estados, as Bolsas. Ora, ele não é<br />

universalizante, homogeneizante, é uma fantástica fabricação <strong>de</strong> riqueza e <strong>de</strong> miséria. Os direitos<br />

do homem não nos obrigarão abençoar as ―alegrias‖ do capitalismo liberal do qual eles participam<br />

ativamente. Não há Estado <strong>de</strong>mocrático que não esteja totalmente comprometido nesta fabricação<br />

da miséria humana (DELEUZE, 1992, p.213).<br />

Para Barbosa (2006, p.175), ao compartilhar ―seu espaço <strong>de</strong> atuação com outras entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

representação da socieda<strong>de</strong> civil‖ na década <strong>de</strong> 90, as ONGs passaram a compor o que se <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong><br />

Terceiro Setor.<br />

Em outras palavras, nasce, entre um setor público estatal e um privado-lucrativo empresarial, um<br />

terceiro sujeito, <strong>de</strong> caráter privado em sua formação, porém público em sua ação (BARBOSA,<br />

2006, p.176).<br />

Barbosa (op.cit., p.177) analisa o surgimento e o fortalecimento do Terceiro Setor, associando-<br />

o ao ―processo <strong>de</strong> globalização econômica e ascensão da teoria neoliberal‖, principalmente <strong>de</strong>vido ao<br />

―distanciamento do Estado dos espaços públicos‖ e pelo ―fortalecimento do caráter subjetivo do<br />

mercado‖ 276 .<br />

Dessa forma, as teias da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Controle, as garras do capitalismo já tinham capturado e<br />

imobilizado sua presa, pois era exatamente isso que o Estado neoliberal pretendia:<br />

No interior da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> controles contínuos, os lugares são re<strong>de</strong>finidos por fluxos. O<br />

investimento não é mais no corpo propriamente dito; interessa, agora extrair o máximo <strong>de</strong> energias<br />

inteligentes, fazer participar, criar condições para cada um sentir-se atuando e <strong>de</strong>cidindo no<br />

interior das políticas <strong>de</strong> governos, em organizações não-governamentais e na construção <strong>de</strong> uma<br />

economia eletrônica. (...) Os asilos, as prisões, os hospitais, os manicômios, as escolas, o sexo, as<br />

crianças, são atravessados por direitos. Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> plenos direitos.<br />

(...)<br />

O direito não é mais acesso, mas condição para a continuida<strong>de</strong> dos súditos reinventores <strong>de</strong><br />

soberanias <strong>de</strong>sterritorializantes. (...) O Estado, então, existe como agenciador produtivo ao lado<br />

das empresas e organizações não-governamentais para administração <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong>snecessários,<br />

trazendo para o centro das controvérsias a ética da fraternida<strong>de</strong> (PASSETI, 2005, p.136).<br />

Talvez, então, pensar em direitos humanos, em direitos a ter direitos seja hoje somente mais<br />

uma face refinada do neoliberalismo.<br />

1.4. Guerra e paz, solidarieda<strong>de</strong> e racismo: os paradoxos do neoliberalismo entre as ONGs<br />

276 A respeito das ONGs e seu contexto histórico ver também: DAGNINO, 2000; GOHN, 2001; GRUPO DE<br />

ESTUDOS DA CONSTRUÇÃO DEMOCRÁTICA, 1988/1989; KURKA, 2008; MONTAÑO, 2002; PAOLI e<br />

TELLES, 2000; TEIXEIRA, 2000 e TELLES, 1994.<br />

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