Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

I Seminário Violar – Problematizando as Juventudes na Contemporaneidade –
11 a 13 de Agosto 2010
Também alguns alunos referem-se a escola como local para aprender enquanto outros
escrevem que vão a escola porque são obrigados pela mãe, como é o caso do sujeito 216 ―Eu
não acho muito bom mas minha mãe diz que é pra estudar‖
Ainda outros alunos referem-se à escola como um segundo lar, alguns afirmam que
não gostariam de ter que mudar de escola, mas que estão se formando e terão que procurar
outra escola para cursar o ensino médio (a escola analisada não possui ensino médio).
Em relação à melhora do ambiente escolar, muitos alunos ao invés de em suas respostas
diagnosticar como é o ambiente da escola, o que era proposto pela pergunta, eles se
reportavam ao que deveria melhorar, como nos seguintes exemplos, que se repetiu em
inúmeras respostas: "Eu penso que nós alunos temos que vir todos os dias para ela (...)"
(Sujeito 212) e "Eu penso que nós temos que ser mais amigáveis para que os alunos deixem
de brigar" (Sujeito 62).
As respostas podem ser distribuídas em: aquelas que se referem ao ambiente físico como não
jogar lixo e bolas de papel no chão, e aquelas que se referem aos relacionamentos, como
alunos não devem empurrar-se, dar apelidos, ser mais amigáveis, deixar de brigar. Sobre o
ambiente físico, uma resposta específica demonstra a falta de estrutura da escola ―Penso
assim que a merenda não deveria não ser a mesma coisa todos os dias e as cadeiras, quando
eu chego não tem mais― (Sujeito 63). Essa situação certamente não ocorre apenas nessa
escola. Vemos escolas cujos espaços não são adequados ao ensino, salas com pouca
ventilação, pouca iluminação, superlotadas ou, como exposto pelo aluno, sem mobiliário
suficiente para atender a todos os alunos. Essa inadequação do ambiente também é fator que
pode levar a manifestação dos alunos ou grupos contra esse espaço que não atende às suas
necessidades. E, essas manifestações muitas vezes podem voltar-se contra os próprios
colegas, pela impossibilidade de dirigir-se à autoridade responsável, numa agressão
deslocada.
É interessante notar que, embora todos os alunos passem pela mesma situação, poucos foram
os que fizeram críticas a ela. Muitos parecem que aceitaram a situação como ―normal‖ e se
submetem sem expor seus problemas em relação a ela. Muitos alunos, porém, na
impossibilidade também de expor sua insatisfação, assumem condutas de indisciplina, muitas
vezes não compreendidas pelos atores da escola como rebelião contra esse espaço que não
atende seus anseios.
As respostas que buscam soluções demonstram um desejo de que a escola melhore seu
ambiente. Isso prova como muitas vezes os próprios alunos tem a resposta para diversos
problemas apresentados na escola, e como que eles ficam tão longe das decisões tomadas
tanto pela direção como pelos próprios colegas, na ausência de conversa entre eles.
É perceptível que os alunos gostariam de participar mais do ambiente da escola, como
propõe a pergunta. Em respostas como ―É legal, quando estou em casa sinto falta dos
professores, dos meus colegas de turma do `quarteto fantástico´ às vezes eu gosto mais do
colégio do que de casa, quando eu estou em casa eu não sorrio muito.‖ (Sujeito 184), ou
quando eles dizem que a escola é a 2ª casa deles, fica explícito que realmente aquele é um
938