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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

Po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r este fenômeno como uma estratégia para lidar com o intenso sofrimento gerado<br />

pela vivência do preconceito. Como afirma Goffman (1980) ser <strong>de</strong>positário <strong>de</strong> um estigma requer<br />

certa habilida<strong>de</strong> para se lidar com ele nas diversas instâncias da vida social.<br />

CONSIDERAÇÔES FINAIS<br />

A maioria das pessoas entrevistadas havia <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> morar com a família, e sofreu preconceitos por<br />

parte <strong>de</strong>sta. A migração da casa paterna por dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relação familiar sugere que as pessoas<br />

homossexuais são mais susceptíveis a saírem <strong>de</strong> casa do que as heterossexuais. Esses resultados estão<br />

em consonância com os estudos <strong>de</strong> Whitbeck et al. (2004), que afirma serem os jovens LGBT mais<br />

susceptíveis a serem expulsos ou saírem <strong>de</strong> casa. Também a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> sexual apareceu nas entrevistas<br />

como um fator <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s nas relações familiares, <strong>de</strong> acordo com o que afirmam Dunne,<br />

Pren<strong>de</strong>rgast e Telford (2002).<br />

Com relação à esfera do trabalho, com exceção <strong>de</strong> uma pessoa, os <strong>de</strong>mais entrevistados encontravamse<br />

em situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego ou emprego informal, por diversos motivos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reinserção social após o egresso do sistema prisional, ou da separação da família, uso <strong>de</strong> drogas, entre<br />

outros. Porém, nota-se a questão da sexualida<strong>de</strong> e do gênero atravessar o acesso ao mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, impondo formas <strong>de</strong> comportamento socialmente aceitas, que levam a vivência <strong>de</strong> sofrimentos<br />

e o uso recorrente da prostituição como forma <strong>de</strong> obter renda.<br />

A baixa escolarização po<strong>de</strong> ser vista como um fator que dificulte a inserção no mercado <strong>de</strong> trabalho.<br />

Gran<strong>de</strong> parte dos entrevistados interrompeu os estudos, <strong>de</strong>vido a muitos fatores, mas chama atenção o<br />

fato <strong>de</strong> como o preconceito foi vivido nesse contexto, apesar <strong>de</strong> ser apontado como pouco importante.<br />

Os estudos sobre exclusão social a partir da realida<strong>de</strong> francesa apontam a dinâmica do mundo do<br />

trabalho como principal vetor <strong>de</strong> exclusão. Porém, acreditamos que limitar a análise da exclusão à<br />

esfera do trabalho conduz a uma compreensão restrita do fenômeno, pois a fragilização dos vínculos<br />

que conduzem à exclusão se dá em várias dimensões sociais.<br />

Nossa pesquisa buscou analisar os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiliação nas trajetórias <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> moradores <strong>de</strong><br />

rua auto-i<strong>de</strong>ntificados como LGBT. Observamos que os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiliação social são<br />

atravessados também por questões <strong>de</strong> gênero.<br />

Por meio do que foi exposto po<strong>de</strong>mos notar que a experiência <strong>de</strong> rompimento com o padrão<br />

heteronormativo propicia além <strong>de</strong> uma vivência <strong>de</strong> sofrimento, uma maior fragilida<strong>de</strong> nos vínculos<br />

que garantem a integração social, através do processo <strong>de</strong> estigmatização, que implica em relações nas<br />

quais há uma <strong>de</strong>svalorização <strong>de</strong>stas pessoas, que acabam tendo seus direitos <strong>de</strong>srespeitados.<br />

Acreditamos que ao levantarmos as formas pelas quais os grupos minoritários vivenciam o<br />

preconceito, e as conseqüências disso na relação com esferas tão fundamentais quanto a família, a<br />

escola e o trabalho, estamos contribuindo para a mudança <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>, através do alerta para a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais estudos sobre o tema e principalmente mais ações que promovam o direito a<br />

cidadania <strong>de</strong>ssas pessoas.<br />

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