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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

Isso nos mostra que esses sujeitos <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ram os preconceitos e a discriminação como formas <strong>de</strong><br />

violência. A violência urbana é ainda a que permeia o imaginário social como forma predominante.<br />

Porém, quando provocados(as) a refletir sobre a relação da discriminação com a violência,<br />

surpreendiam-se, pois situações até então i<strong>de</strong>ntificadas como brinca<strong>de</strong>iras, ganhavam nova conotação<br />

e o outro passava a ser objeto <strong>de</strong> preocupação, como atesta o <strong>de</strong>poimento do jovem Augusto César: ao<br />

respon<strong>de</strong>r ao questionário, revelou que jamais po<strong>de</strong>ria imaginar que, ao ―zoar‖ um(a) colega, po<strong>de</strong>ria<br />

estar gerando um sofrimento nele(a). Camacho (2001) afirma que:<br />

A violência, na sua forma explícita <strong>de</strong> manifestação nas escolas, é combatida, criticada e controlada por meio <strong>de</strong><br />

punições. Entretanto, a violência mascarada passa impune, ou porque não é percebida como tal ou é confundida<br />

com a indisciplina, ou porque é consi<strong>de</strong>rada pouco grave, isenta <strong>de</strong> conseqüências relevantes, ou, finalmente,<br />

porque não é vista (CAMACHO, 2001, p. 133).<br />

Há, no entanto, aqueles(as) que diferenciam a violência verbal da não verbal, assumindo uma postura<br />

crítica diante <strong>de</strong>sse fenômeno. Os(as) jovens falaram também da ―zoação‖: por ser muito magro(a) ou<br />

por estar acima do peso, tornam-se uma vítima potencial das brinca<strong>de</strong>iras e chacotas. Interessante<br />

pensar aqui que, transformados em brinca<strong>de</strong>ira, a discriminação e o preconceito se tornam ainda mais<br />

difíceis <strong>de</strong> ser combatidos e encarados. Isso porque, percebida como tal, a violência torna-se<br />

dissimulada, camuflada. É muito mais difícil lidar com a violência nessa dimensão, pois ela encontra<br />

subterfúgios, justificativas atreladas à i<strong>de</strong>ologia, que tenta mostrar que o brasileiro é um povo pacífico<br />

por natureza. Inclusive, quando algum(alguma) jovem se sente incomodado(a) e se contrapõe,<br />

provavelmente ouve do agressor: ―Ah! tava só brincando.‖ Esse, portanto, é um mecanismo eficaz <strong>de</strong><br />

dissimulação da violência e do preconceito, que parece, <strong>de</strong> acordo com a fala dos(as) jovens, ser bem<br />

comum entre eles(as).<br />

Concluímos trazendo uma reflexão <strong>de</strong> Dayrell, para pensarmos sobre o processo educativo não como<br />

instrução, mas como um processo <strong>de</strong> formação humana, que possibilita ao(à) jovem novas <strong>de</strong>scobertas<br />

e o uso <strong>de</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s para além da dimensão cognitiva. É o olhar o(a) jovem na sua<br />

totalida<strong>de</strong>. E isso só é possível se rompermos com a visão negativa que se tem <strong>de</strong>le(a), pois, ―[...] se o<br />

processo educativo é essencialmente uma relação, como é possível educar se o Outro é visto na sua<br />

negativida<strong>de</strong>?‖ (DAYRELL, 2003, p. 186).<br />

REFERÊNCIAS<br />

CAMACHO, Luiza Mitiko Yshiguro. Violência e indisciplina nas práticas escolares <strong>de</strong><br />

adolescentes: um estudo das realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> duas escolas semelhantes e diferentes entre si. Tese <strong>de</strong><br />

Doutorado. São Paulo. 2000.<br />

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