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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

sossego dos <strong>de</strong>mais. Uma forma <strong>de</strong> fazer-se presente na socieda<strong>de</strong> que com medo passa a recuar<br />

perante a presença incômoda dos jagunços/jovens infratores.<br />

Travestir-se <strong>de</strong> jagunço, falar como eles e ―mergulhar‖ no sistema jagunço, foi um exercício<br />

que confirmou, as relações que vinha fazendo entre as figuras <strong>de</strong> jovens infratores e jagunços.<br />

A proposta era que ao representar as falas dos jagunços se olhasse para o público<br />

incorporando os sentimentos <strong>de</strong>: vingança, cruelda<strong>de</strong>, raiva, menosprezo, indiferença,<br />

egoísmo, medo, mas também prazer, adoração aos santos, amor, paixão, <strong>de</strong>sejo, etc. Este<br />

―olhar‖ para o público <strong>de</strong>veria ser revestido com estes sentimentos<br />

Quanto aos momentos históricos, do Gran<strong>de</strong> Sertão:Veredas e do contexto dos jovens, acredito que<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>stacados como tempos e universos diferentes, mas também po<strong>de</strong>m se ver semelhanças.<br />

Os jagunços: serviam a um sistema local: ao da luta pela posse das terras; Riobaldo e os jagunços<br />

optam pela criminalida<strong>de</strong> para escapar da condição <strong>de</strong> ―enxa<strong>de</strong>iros‖ (jagunçagem como opção<br />

profissional por falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s). Po<strong>de</strong>mos nos referir ao extremo individualismo da figura <strong>de</strong><br />

Diadorim, ao fato <strong>de</strong> Riobaldo agir com violência e sentir prazer nisso. Por fim que o crime acontece<br />

em todas as esferas sociais.<br />

Po<strong>de</strong>r e violência são palavras que caminham juntas, isso já falava Walter Benjamin, que em seu texto<br />

―Crítica da violência – crítica do po<strong>de</strong>r‖, lembra que a palavra alemã gewalt po<strong>de</strong> significar ao mesmo<br />

tempo ―violência‖ e ―po<strong>de</strong>r‖. E se estes jovens praticam violência, estão oferecendo ―resistência‖ a<br />

um tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, que lhes é imposto pela socieda<strong>de</strong>.<br />

Dando ―asas‖ à minha imaginação, passei a enten<strong>de</strong>r o comportamento transgressor dos jovens através<br />

da imagem dos jagunços narrada por Guimarães Rosa. Nessa perspectiva, comecei a ver que as<br />

imagens, em sonhos, nas fantasias, na literatura, nos mitos e na sua maneira <strong>de</strong> revelar os padrões<br />

arquitípicos, po<strong>de</strong>m ser um meio através do qual toda a experiência torna-se possível. Pois ―elas tem<br />

uma qualida<strong>de</strong> autônoma, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e indicam complexida<strong>de</strong>: em toda imagem há uma múltipla<br />

relação <strong>de</strong> significados, <strong>de</strong> disposições, <strong>de</strong> proposições presentes simultaneamente.‖ (Ibid, 1988, p.11)<br />

Conclusão<br />

Assim como Ariadne 92 , o estudo sobre o imaginário representou um fio que me guiou na busca<br />

pela compreensão dos jovens infratores, e isto se <strong>de</strong>u principalmente na relação com os mesmos nas<br />

oficinas <strong>de</strong> convivência.<br />

Esta convivência com os jovens infratores proporcionou a<strong>de</strong>ntrar ao seu mundo: ocupam o<br />

espaço geográfico <strong>de</strong>nominado nas pequenas e gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> periferia, on<strong>de</strong> se amontoam<br />

centenas <strong>de</strong> casas populares ou <strong>de</strong> barracos que formam as gran<strong>de</strong>s favelas.<br />

92<br />

Ariadne, filha <strong>de</strong> Minos, rei <strong>de</strong> Creta, auxiliou Teseu a livrar sua pátria <strong>de</strong> um vergonhoso tributo que consistia<br />

em entregar todos os anos sete rapazes e outras tantas donzelas que serviam <strong>de</strong> alimento ao Minotauro. Para<br />

tanto, Ariadne serviu-se <strong>de</strong> um novelo <strong>de</strong> linha cujo fio guiaria os passos <strong>de</strong> Teseu através dos escuros corredores<br />

do labirinto. Victoria, Luiz A. P., Dicionário Básico <strong>de</strong> Mitologia. Rio: Ediouro, 2000)<br />

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