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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

meninas são excluídas <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s. Ainda que participem das equipes, não têm atuação<br />

ativa durante o jogo por diferentes motivos.<br />

Agata é um exemplo <strong>de</strong> exclusão das meninas nas ativida<strong>de</strong>s e também <strong>de</strong> bullying pois,<br />

como o constatado em outros momentos das observações, a aluna por diversas vezes sofre<br />

xingamentos como ―bolinho <strong>de</strong> coleterol‖ (Diário <strong>de</strong> Campo, junho <strong>de</strong> 2009), <strong>de</strong>ntre outros<br />

termos semelhantes. Nas falas dos próprios alunos evi<strong>de</strong>nciam-se as concepções dos meninos<br />

acerca das meninas que jogam, e são essas concepções que geram em parte as exclusões,<br />

como veremos adiante.<br />

A exclusão das meninas no futebol é uma realida<strong>de</strong> também em outros países. Um estudo<br />

realizado em duas escolas primárias em Londres revela que as meninas muitas vezes não<br />

participam dos jogos <strong>de</strong> futebol para enquadrarem-se em um padrão <strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong> préestabelecido<br />

(CLARK e PAECHTER, 2007).<br />

Sobre os padrões <strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong>, Bourdieu (apud CLARK e PAECHTER, 2007, p. 267)<br />

afirma:<br />

femininity is imposed for the most part through an unremitting discipline that concerns every part of the body<br />

and is continuously recalled through the constraints of clothing or hairstyle. The antagonistic principles of male<br />

and female i<strong>de</strong>ntity are thus laid down in the form of permanent stances, gaits and postures which are the<br />

realization, or rather, the naturalization of an ethic.<br />

Desta maneira os comportamentos sociais dados por meio do disciplinamento dos<br />

corpos e das restrições sofridas interferem na conduta das meninas. O antagonismo das<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s masculinas e femininas torna-se naturalizado. Segundo Altmann (1998, p.8) ―O<br />

feminino e o masculino se constroem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> relações sociais, nunca separadamente, um em<br />

relação ao outro – não em oposição –, e em articulação com outras categorias, como classe,<br />

etnia, religião‖.<br />

Em um estudo realizado com dois professores <strong>de</strong> educação Física do sexo masculino,<br />

Martino e Beckett (2004) constataram que <strong>de</strong>terminadas práticas pedagógicas sustentam as<br />

concepções naturalizadas <strong>de</strong> gênero. Os professores apresentam uma visão homogênea do<br />

comportamento dos meninos, mais ativos fora da sala e passivos nas aulas teóricas, e o<br />

contrário sobre as meninas. Essas concepções interferem nas práticas pedagógicas, que<br />

acabam por corroborar essa ambivalência das construções dominantes <strong>de</strong> masculinida<strong>de</strong> e<br />

feminilida<strong>de</strong>.<br />

A naturalização das diferenças <strong>de</strong> gênero por parte dos professores também é relatada<br />

por Louzada, Votre e Devi<strong>de</strong> (2007). Segundo os autores muitos professores ten<strong>de</strong>m a<br />

consi<strong>de</strong>rar as meninas inferiores aos meninos no que diz respeito às habilida<strong>de</strong>s motoras nos<br />

esportes. Porém advertem que ―é preciso que os professores, no trato com as meninas evitem<br />

o preconceito <strong>de</strong> generalizá-las como sem habilida<strong>de</strong>, pois existem meninas hábeis assim<br />

como meninos sem habilida<strong>de</strong>‖ (p.61). Com as i<strong>de</strong>ntificações <strong>de</strong>correntes da redução <strong>de</strong> um<br />

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