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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

A partir <strong>de</strong>ssas questões, não seria a hora <strong>de</strong> nós educadores, potencializar formas <strong>de</strong> vida que<br />

produzam arte, beleza e singularida<strong>de</strong>s? Ir ao cinema é algo prazeroso, pois produz um encontro<br />

voluntário entre amigos para ver outras imagens, sentir sons, cheiros e vozes diferentes, potencializar<br />

os cincos sentidos. E saber que não existe somente uma forma <strong>de</strong> se relacionar com o mundo e com as<br />

pessoas.<br />

Foi então, que as adolescentes participaram ativamente da proposta. O projeto cinema aberto<br />

apresentou dois filmes na escola. O primeiro filme apresentado foi, A viagem <strong>de</strong> Chiriro (2001) do<br />

diretor Hayao Miyazake, que conta a história <strong>de</strong> Chiriro, uma garota <strong>de</strong> 10 anos, que acredita que todo<br />

o universo <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r aos seus caprichos. Após saber através <strong>de</strong> seus pais que estarão mudando <strong>de</strong><br />

cida<strong>de</strong> ela fica furiosa, sem fazer nenhum esforço para escon<strong>de</strong>r sua raiva. Em meio a lembranças <strong>de</strong><br />

seus amigos que terá que <strong>de</strong>ixar, Chihiro percebe que seu pai se per<strong>de</strong>u no caminho para a nova cida<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> irão morar, indo parar <strong>de</strong>fronte um túnel aparentemente sem fim que é guardado por uma<br />

estranha estátua. Curiosos, os pais <strong>de</strong> Chihiro <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m entrar no túnel. Apesar dos pedidos para<br />

voltarem ao carro, Chihiro acaba seguindo junto com eles para <strong>de</strong>scobrir que ele leva a um mundo<br />

aparentemente <strong>de</strong>serto, on<strong>de</strong> existe uma cida<strong>de</strong> sem nenhum habitante. Famintos, os pais <strong>de</strong> Chihiro<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m comer a comida, que está disponível em uma das casas, enquanto que a própria Chihiro<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> explorar um pouco a cida<strong>de</strong>. Entretanto, logo ela encontra com Haku, um garoto que lhe diz<br />

para ir embora da cida<strong>de</strong> o mais rápido possível. Ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver<br />

que eles se transformaram em gigantescos porcos, enquanto que misteriosos seres começam a surgir<br />

do nada. É o início da jornada <strong>de</strong> Chihiro em um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no<br />

qual humanos não são bem-vindos.<br />

O segundo filme apresentado foi, Coraline e o mundo secreto, do diretor henry Selik que conta a a<br />

história <strong>de</strong> Coraline, uma menina que se muda com sua família para uma enorme casa. Explorando as<br />

inúmeras portas do local, a menina acaba abrindo uma que dá para outra casa, em outro mundo, cujos<br />

habitantes querem mantê-la presa, como sua filha.<br />

Esses dois filmes foram apresentados para as crianças da 4 série do Ensino Fundamental da escola<br />

pública ao lado do abrigo. As adolescentes então, após a exibição <strong>de</strong> cada filme realizaram ativida<strong>de</strong>s<br />

pedagógicas com as crianças, como conversar, pintar, <strong>de</strong>senhar, escrever sobre os filmes propostos.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que as crianças, as adolescentes, os professores e as educadoras sociais se envolveram<br />

nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma intensa e prazerosa pois vivenciaram um outro tipo <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>.<br />

Uma sociabilida<strong>de</strong> que rompeu com relações hierárquicas pois teve força para compor práticas<br />

educativas diferentes junto a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um povo. Esses projetos foram realizados numa escola<br />

pública, e o que fez a diferença foi que, não eram fixados, regulados ou tinham algum intuito <strong>de</strong><br />

disciplinar alguém. Pelo contrário, as ativida<strong>de</strong>s pedagógicas aconteceram, <strong>de</strong>vido a sua consistência,<br />

a sua forma que era aberta e livre. Po<strong>de</strong>-se dizer que esses projetos tinham em seu formato escapar <strong>de</strong><br />

práticas disciplinadas e proliferar diferença.<br />

Sendo assim, diante da violência exercida pela instituição familiar e das práticas disciplinadas da<br />

instituição correcional, talvez a pergunta que fica para finalizar esse texto seria o que po<strong>de</strong>m as<br />

sociabilida<strong>de</strong>s? Seria a criação <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s diferentes uma saída para escapar das práticas<br />

educativas formuladas e reformuladas pelas instituições para manter e submeter os corpos<br />

violentados, confinados e disciplinados. Sabe-se que essas práticas já estão fadadas ao fracasso na<br />

medida em que não abrem espaço para a proliferação da diferença.<br />

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