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Anais I Seminário Violar - Faculdade de Educação - Unicamp

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I <strong>Seminário</strong> <strong>Violar</strong> – Problematizando as Juventu<strong>de</strong>s na Contemporaneida<strong>de</strong> –<br />

11 a 13 <strong>de</strong> Agosto 2010<br />

disponível, não é o que <strong>de</strong>sejam e muitas vezes as condições <strong>de</strong> trabalho são <strong>de</strong> muita<br />

exploração, em geral sem garantia dos direitos trabalhistas.<br />

Também temos acima o discurso <strong>de</strong> João (16 anos), sobre o trabalho na construção civil, setor<br />

da economia em que os jovens do sexo masculino que participaram da pesquisa conseguiam<br />

se inserir. Destaca-se que geralmente eram vagas em condições <strong>de</strong> trabalho precárias, como<br />

aparece no discurso <strong>de</strong> João, se contrapondo ao direito ―à profissionalização e à proteção no<br />

trabalho‖ previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (BRASIL,1990). A<br />

condição vivenciada por João, que trabalhava <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 14 anos com o padrasto como<br />

‗ajudante <strong>de</strong> instalador <strong>de</strong> piscina‘, também exemplifica diferenças nos modos <strong>de</strong> vivência da<br />

juventu<strong>de</strong> entre os jovens brasileiros.<br />

Apesar das condições <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>sfavoráveis, relatadas pela maioria dos jovens que já<br />

haviam conseguido algum emprego (formal ou informal), a participação no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho também se apresentava nos discursos dos jovens como algo que ampliava as suas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo e mesmo <strong>de</strong> sobrevivência, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong>stes<br />

jovens para além das localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> residiam, assim como estava relacionada ao respeito e<br />

apreço em algumas famílias. Por outro lado, percebia-se que isso os colocava cada vez mais<br />

em <strong>de</strong>svantagem em relação àqueles que po<strong>de</strong>m adiar essa inserção no mundo do trabalho e<br />

viver o período da juventu<strong>de</strong> como um período <strong>de</strong> formação profissional voltada para postos<br />

<strong>de</strong> trabalho mais qualificados.<br />

Outra problemática observada em relação aos participantes que estavam trabalhando é o<br />

comprometimento <strong>de</strong> sua escolarização, principalmente em função das condições <strong>de</strong> trabalho<br />

nos postos que ocupavam.<br />

Juliana: A escola eu não estou mais estudando. Porque era assim, eu ia trabalhar! Eu tinha emprego. Só que daí<br />

se eu trabalhasse não tinha como ir pra aula. Daí eu resolvi trabalhar, só que eu não gostei do trabalho. [...] Daí<br />

<strong>de</strong>pois eu vi que fiz a coisa errada. Devia estar estudando, ai não ia estar em casa.[...] Eu parei <strong>de</strong> estudar! Só que<br />

agora vou começar na meta<strong>de</strong> do ano. Que o meu é supletivo, dá pra começar na meta<strong>de</strong> do ano e fazer a oitava<br />

série. [...] porque eu estou na oitava série, agora estão pedindo [para trabalhar] o segundo grau, não sei o que. Eu<br />

não tenho, só tenho a oitava. (Juliana, 18 anos)<br />

Pesq.: (...) E o que você faz nos seus dias <strong>de</strong> folga? Que você falou que tem dois dias por semana.<br />

Pedro: Ah, eu aproveito dormir bem. Porque eu acordo todo dia às 6h da manhã. Vou pro serviço com sono e...<br />

quase nem agüento. Chego em casa meia noite, até dormir [...]. Eu fico com um sono do caramba.<br />

Pesq.: E como que está na escola?<br />

Pedro: Ah, está indo. Quando eu estou... disposto a estudar daí... fico na sala. Agora quando estou com muito<br />

sono eu não fico na sala. Eu fico na rua pegando um ventinho pra espantar o sono. (Pedro, 16 anos)<br />

No entanto, apesar <strong>de</strong>ssas contradições a maioria dos jovens entrevistados continuava indo<br />

para a escola, apesar da qualida<strong>de</strong> do ensino oferecido e das dificulda<strong>de</strong>s para conciliar com o<br />

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