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IGUALDADE E INCLUSÃO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA:<br />
ACESSO UNIVERSAL À ÁGUA E AO SANEAMENTO<br />
Este desequilíbrio significou um forte desincentivo ao investimento privado<br />
em regimes empresariais que, como a água e o saneamento, exigem assumir<br />
compromissos de longo prazo e investimentos de duração muito longa. Consequentemente,<br />
a tendência do investimento privado em empresas de água potável<br />
e saneamento na América Latina, com a notável exceção da experiência chilena,<br />
concentra-se na assinatura de contratos especializados de administração sob modelos<br />
empresariais privados, basicamente orientados para a gestão, a operação,<br />
a manutenção e a reposição dos sistemas de água e saneamento, visando obter<br />
ganhos de eficiência, principalmente orientada à redução das perdas técnicas e<br />
comerciales, otimização operacional e administrativa das empresas, otimização<br />
que é altamente rentável na presença de tarifas reguladas que em muitos casos<br />
incorporam indicadores que são obtidos com boa gestão empresarial e sem a<br />
necessidade de maiores investimentos. Os operadores privados realizam supervisão<br />
e a auditoria do investimento em expansão, o qual é executado por empreiteiros<br />
e construtores, muitas vezes contratados pelas próprias empresas, outras<br />
vezes diretamente pelas autoridades subnacionais. O investimento é financiado<br />
com recursos do Estado. Nenhuma companhia privada investe recursos próprios<br />
nem assume o risco a médio ou longo prazo na prestação dos serviços de<br />
água e saneamento.<br />
Uma administração eficiente e operacional dos serviços reduz as necessidades<br />
de investimento, aumenta os investimentos em reposições que são de menor<br />
custo, e reduz a pressão sobre a tarifa, devido a que o componente do investimento<br />
em infraestrutura é o fator determinante de custo nas fórmulas tarifárias,<br />
o qual resulta em benefícios para a população mais carente, que é, em geral, a<br />
que conta em grande parte com o investimento em expansão. 57<br />
Em resumo, uma administração eficiente, operacional, administrativa e de<br />
gestão das perdas leva ao avanço do investimento na ampliação da infraestrutura,<br />
o que economiza recursos e reduz a longo prazo os aumentos nas tarifas.<br />
Nos sistemas de aqueduto dos grandes conglomerados urbanos, o problema das<br />
perdas é o fator operacional determinante.<br />
Não é por acaso, então, que os grandes sistemas urbanos de aquedutos e esgoto<br />
na Colômbia permaneçam como empresas de capital estatal municipal,<br />
nem que outras cidades 58 tenham conseguido incentivar regimes com base na<br />
operação privada, mas onde está claro que o grosso do investimento é financiado<br />
pelo Estado. As grandes cidades contam com sistemas de água e saneamento<br />
que começaram a ser construídos na primeira metade do século passado e foram<br />
capazes de desenvolver empresas de capital estatal sólidas com um certo grau de<br />
estabilidade institucional.<br />
57. Na Colômbia, o componente CMI, Custo Médio de Investimento ou custo incremental médio de longo prazo da<br />
fórmula tarifária, é da ordem de 70% da tarifa final do estrato 4 que é a tarifa de custo. A fórmula considera vidas<br />
útieis de 40 anos.<br />
58. Por exemplo, Barranquilla, Cartagena, Santa Marta, Palmira, Montería, Tunja e San Andrés.<br />
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