Descargar PDF - Publicaciones - CAF
Descargar PDF - Publicaciones - CAF
Descargar PDF - Publicaciones - CAF
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CAPÍTULO 5. PERSPECTIVA ECONÔMICA:<br />
UMA POLÍTICA SOCIAL E FISCAL PARA ÁGUA E SANEAMENTO<br />
cidadania (Molina, 2006). O <strong>CAF</strong> acolheu estes princípios como pilares da<br />
política social em seu documento Políticas sociales para promover ciudadanía<br />
y cohesión social (2010). Por sua vez, e através de uma ponte com<br />
as tendências na elaboração das constituições políticas já mencionadas, o<br />
PNUD, no seu relatório de 2004 sobre a democracia na América Latina, definiu<br />
a democracia como extensão da cidadania, em sua tríplice dimensão de<br />
cidadania civil, política e social.<br />
O principal problema das visões universais é que são mais caras em termos<br />
de recursos fiscais. Por isso, um requisito essencial para sua aplicação<br />
é a necessidade de fortalecer os sistemas fiscais e torná-los mais progressivos.<br />
Desta forma, o avanço até uma política social de corte universal não<br />
será possível sem um novo “Pacto Fiscal” para aumentar e tornar a tributação<br />
mais redistributiva na região (<strong>CAF</strong>, 2012). As tendências favoráveis do<br />
gasto público social e nas arrecadações tributárias na América Latina nas<br />
duas últimas décadas, assim como a tendência mais recente da tributação<br />
direta, indicam que é possível avançar nesta direção. Em qualquer caso,<br />
quando se comparam os níveis de tributação da América Latina com os dos<br />
países da OCDE, o maior déficit está na tributação direta, especialmente<br />
para as pessoas naturais, e nas contribuições para a previdência social<br />
(PNUD, 2004).<br />
Deve-se notar, além disso, que um dos falsos dilemas apresentados pelos<br />
críticos da universalização é que os programas correspondentes destinam<br />
muitos recursos públicos para as classes médias. Este dilema é falso por<br />
vários motivos. Em primeiro lugar porque o apoio político para as políticas<br />
sociais e para os níveis de tributação necessários para financiá-las depende<br />
criticamente do apoio das classes médias. Em certo sentido, uma das vantagens<br />
da visão universalista é que proporciona uma agenda pública para o<br />
conjunto da sociedade e, portanto, também para as classes médias. De fato,<br />
o avanço da política social nos países industrializados foi obtido historicamente<br />
graças às conquistas políticas dos setores médios que os processos<br />
políticos democráticos estenderam posteriormente para toda a população. A<br />
segunda razão é porque, como veremos, a experiência dos países industrializados<br />
indica que os sistemas mais universais são de fato mais redistributivos<br />
que os que fazem ênfase na focalização. E, finalmente, porque a capacidade<br />
da política social de atrair a classe média pode ser vista como prova e garantia<br />
de uma política que oferece serviços de alta qualidade e homogêneos<br />
(Grynspan ct. por Molina, 2006). Por todas estas razões, a proposta de alguns<br />
defensores da focalização de redistribuir os recursos públicos direcionados<br />
aos setores médios para os mais carentes tende a reduzir o apoio das<br />
políticas sociais ativas.<br />
Ressalta-se, além disso, que um dos maiores riscos da focalização é contribuir<br />
para acentuar a segmentação na prestação de serviços sociais, que<br />
tende a ser uma característica das sociedades altamente desiguais como as<br />
95