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IGUALDADE E INCLUSÃO SOCIAL NA AMÉRICA LATINA:<br />
ACESSO UNIVERSAL À ÁGUA E AO SANEAMENTO<br />
não chegaram a tal devido graças a uma única carência, mas de uma combinação<br />
de várias deficiências. Portanto, o acesso universal à água e ao saneamento<br />
exige um tratamento diferenciado dentro de um conceito abrangente; por<br />
exemplo, não é possível ter um serviço de água de qualidade em um domicílio<br />
que não tenha instalações interiores adequadas para receber os benefícios de<br />
uma conexão à rede.<br />
Por isso, o acesso universal à água e ao saneamento deve ser traduzido em<br />
ações objetivas para aqueles que são diferentes em termos das oportunidades<br />
básicas ou que reconheçam trajetórias distintas do desenvolvimento humano<br />
(Ocampo, 2004). Argumento que se reforça com o reconhecimento de que<br />
o efeito esperado como resultado das altas e sustentadas taxas de desenvolvimento<br />
econômico, não se materializa com os efeitos sociais distributivos<br />
que satisfaçam os interesses e as expectativas da população mais carente em<br />
prazos razoáveis.<br />
Os temas de direitos humanos têm sido analisados sob a perspectiva de<br />
diferentes disciplinas acadêmicas. Principalmente, desde um ponto de vista<br />
das obrigações legais que produzem; no entanto, estas abordagens tendem a<br />
ignorar os processos institucionais e econômicos que afetam as liberdades individuais<br />
e a verdadeira aplicabilidade dos direitos humanos. Estes conceitos<br />
também não são capturados nos marcos referenciais da economia tradicional,<br />
os quais tem sido insuficientes para incorporar centralmente as ideias de liberdade<br />
e direitos nas análises teóricas e empíricas (Sen, 1999).<br />
Nos últimos 20 anos, estes temas foram abordados através do reconhecimento<br />
explícito das múltiplas dimensões dos conceitos de pobreza e desenvolvimento,<br />
os quais excedem a capacidade explicativa dos indicadores de<br />
renda, consumo e bem-estar pessoal que são a base das análises econômicas<br />
tradicionais. Por exemplo, os Relatórios do Desenvolvimento Humano do<br />
PNUD (UNDP, 2000) caracterizam o desenvolvimento humano em termos da<br />
expansão das capacidades mais valiosas do ser humano.<br />
O Índice de Desenvolvimento Humano tenta capturar a importância de três<br />
importantes capacidades humanas: conhecimento, longevidade e um padrão<br />
de vida decente. Além disso, o Índice de Pobreza Humana está desenhado<br />
para capturar privações básicas, onde a qualidade de vida se identifica em<br />
termos de acesso à água, aos serviços de saúde a ao peso dos recém-nascidos.<br />
O Banco Mundial também avança na mesma direção ao reconhecer que a<br />
pobreza não é simplesmente a falta de renda e de desenvolvimento humano,<br />
mas também a vulnerabilidade e falta de voz, autonomia e representação (The<br />
World Bank, 2000).<br />
Este argumento é particularmente relevante à medida que se reconhece que<br />
a sociedade não ofereceu até agora oportunidades de acesso adequadas a um<br />
segmento muito importante e vulnerável da população, o que resulta em perdas<br />
na saúde, produtividade e bem-estar. No caso das cidades da América Latina,<br />
25% da população vive em áreas caracterizadas pela informalidade urbana,<br />
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