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3 - TARTUCE, Flávio et al. Manual de Direito do Consumidor - Direito Material e Processual (2017)

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“Responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>de</strong> fabricante. Tabagismo. Doença incurável. Dano mor<strong>al</strong>. Pedi<strong>do</strong> genérico. Prescrição quinquen<strong>al</strong>. Extinção<br />

da ação. In<strong>de</strong>nização. Dano mor<strong>al</strong> e estético. Laringectomia <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> cigarro. Agravo <strong>de</strong> instrumento contra <strong>de</strong>cisão,<br />

proferida em audiência, que rejeitou as preliminares <strong>de</strong> inépcia da inici<strong>al</strong> e <strong>de</strong> prescrição, como também in<strong>de</strong>feriu expedição <strong>de</strong><br />

ofícios aos hospitais e médicos que trataram <strong>do</strong> autor e <strong>de</strong>signou prova perici<strong>al</strong> médica. Provimento. Nas ações <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização por<br />

dano mor<strong>al</strong>, o pedi<strong>do</strong> há <strong>de</strong> ser certo e d<strong>et</strong>ermina<strong>do</strong>, assim como o v<strong>al</strong>or da causa <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>clara<strong>do</strong> pelo autor. Vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

princípio <strong>do</strong> contraditório pelo entendimento contrário. Hipótese que não encontra amparo para formulação <strong>de</strong> pedi<strong>do</strong> genérico.<br />

Inteligência <strong>do</strong> CPC, art. 286. Aplicação <strong>do</strong> CPC, art. 284. Prescrição. Pedi<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> na Lei 8.078/1990. Prescrição quinquen<strong>al</strong>.<br />

Aplicação <strong>do</strong> art. 27, CDC. Dies a quo conta<strong>do</strong> <strong>do</strong> dano e <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> autor <strong>de</strong>le. Fato notório, há mais <strong>de</strong> 5 anos da<br />

propositura da ação, <strong>de</strong> que o tabagismo é um <strong>do</strong>s maiores responsáveis pelo câncer na laringe. Extinção <strong>do</strong> processo, com<br />

julgamento <strong>do</strong> mérito. Aplicação <strong>do</strong> CPC, art. 269, IV” (TJRJ – Agravo <strong>de</strong> Instrumento 3350/1999, Rio <strong>de</strong> Janeiro – Décima<br />

Terceira Câmara Cível – Rel. Des. Julio Cesar Paraguassu – j. 25.11.1999).<br />

Ou, ainda, <strong>do</strong> mesmo Tribun<strong>al</strong>, concluin<strong>do</strong> pela inexistência <strong>de</strong> nexo <strong>de</strong> caus<strong>al</strong>ida<strong>de</strong>, diante da licitu<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> da<br />

empresa que <strong>de</strong>senvolve a ativida<strong>de</strong>: TJRJ – Acórdão 58/1998, Rio <strong>de</strong> Janeiro – Décima Câmara Cível – Rel. Des. João Spyri<strong>de</strong>s –<br />

j. 23.03.1999.<br />

Os julga<strong>do</strong>s <strong>de</strong> improcedência reproduziram-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> significativo na entrada <strong>do</strong> século XXI, sen<strong>do</strong> pertinente <strong>de</strong>stacar<br />

<strong>al</strong>guns <strong>de</strong> seus argumentos para que sejam <strong>de</strong>vidamente rebati<strong>do</strong>s por este autor, que propõe a aplicação da concaus<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> e da<br />

teoria <strong>do</strong> risco concorrente para a problemática <strong>do</strong> cigarro.<br />

Conforme já se <strong>de</strong>monstrou, há <strong>de</strong>cisões que expressam a inexistência <strong>de</strong> nexo <strong>de</strong> caus<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> entre o consumo <strong>do</strong> produto e<br />

os danos à saú<strong>de</strong> suporta<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> esse o princip<strong>al</strong> argumento acolhi<strong>do</strong> pelos julga<strong>do</strong>res (TJSC – Acórdão 2005.034931-6,<br />

Criciúma – Câmara Especi<strong>al</strong> Temporária <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Civil – Rel. Des. Domingos P<strong>al</strong>u<strong>do</strong> – DJSC 18.12.2009, p. 453; TJMG –<br />

Apelação Cível 1.0596.04.019579-1/0011, Santa Rita <strong>do</strong> Sapucaí – Décima Oitava Câmara Cível – Rel. Des. Unias Silva – j.<br />

16.09.2008 – DJEMG 07.10.2008; TJRJ – Acórdão 34198/2004, Rio <strong>de</strong> Janeiro – Oitava Câmara Cível – Rel. Des. Helena Bekhor<br />

– j. 22.03.2005; TJSP – Acórdão com Revisão 268.911-4/8-00, Itápolis – Quinta Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Maury<br />

Ângelo Bottesini – j. 28.11.2005; TJRS – Acórdão 70005752415, Porto Alegre – Quinta Câmara Cível (Reg. Exceção) – Rel. Des.<br />

Marta Borges Ortiz – j. 04.11.2004).<br />

Existem acórdãos <strong>de</strong> improcedência da <strong>de</strong>manda que apontam para a ausência <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong> ao se comerci<strong>al</strong>izar o cigarro,<br />

haven<strong>do</strong> um exercício regular <strong>de</strong> direito por parte das empresas, o que não constitui ato ilícito, pelas dicções <strong>do</strong> art. 188, I, <strong>do</strong><br />

CC/2002 e <strong>do</strong> art. 160, I, <strong>do</strong> CC/1916 (TJDF – Recurso n. 2001.01.1.012900-6 – Acórdão 313.218 – Segunda Turma Cível – Rel.<br />

Des. Fábio Eduar<strong>do</strong> Marques – DJDFTE 14.07.2008, p. 87; e TJSP – Acórdão 283.965-4/3-00, São Paulo – Sexta Câmara <strong>de</strong><br />

<strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Justino Magno Araújo – j. 15.12.2005).<br />

Po<strong>de</strong>m ser colaciona<strong>do</strong>s ainda os tão menciona<strong>do</strong>s julgamentos que atribuem culpa exclusiva à vítima, a excluir a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r (TJRJ – Acórdão 2005.001.40350 – Quarta Câmara Cível – Rel. Des. Mario <strong>do</strong>s Santos Paulo – j.<br />

07.02.2006; TJPR – Apelação Cível 0569832-6, Curitiba – Nona Câmara Cível – Rel. Des. José Augusto Gomes Anic<strong>et</strong>o – DJPR<br />

25.09.2009, p. 369; e TJSC – Acórdão 2005.021210-5, Criciúma – Quarta Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Civil – Rel. Des. José Trinda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

Santos – DJSC 02.06.2008, p. 109).<br />

Em complemento ao último argumento, há <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> rejeição <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong> reparatório que se fundam no livre-arbítrio <strong>de</strong><br />

fumar ou <strong>de</strong> parar <strong>de</strong> fumar (TJSC – Acórdão 2005.029372-7, Criciúma – Segunda Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Civil – Rel. Des. Newton<br />

Janke – DJSC 27.11.2008, p. 72; TJSP – Apelação com Revisão 270.309.4/0 – Acórdão 4012392, Cotia – Sexta Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong><br />

Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Sebastião Carlos Garcia – j. 20.08.2009 – DJESP 14.09.2009; e TJRS – Acórdão 70022248215, Porto Alegre<br />

– Décima Câmara Cível – Rel. Des. Paulo Antônio Kr<strong>et</strong>zmann – j. 28.02.2008 – DOERS 27.05.2008, p. 30).<br />

Por óbvio, também existem julga<strong>do</strong>s <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nação das empresas <strong>de</strong> cigarros, sen<strong>do</strong> certo que <strong>de</strong>cisões nesse senti<strong>do</strong> tiveram<br />

um crescimento neste século que se inicia em nosso país. Entre as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> procedência, cumpre <strong>de</strong>stacar a notória e primeva<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Tribun<strong>al</strong> Gaúcho, <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2003, com ementa bastante elucidativa, inclusive a respeito <strong>de</strong> questões históricas relativas<br />

ao cigarro: “Apelação cível. Responsabilida<strong>de</strong> civil. Danos materiais e morais. Tabagismo. Ação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização ajuizada pela<br />

família. Resulta<strong>do</strong> danoso atribuí<strong>do</strong> a empresas fumageiras em virtu<strong>de</strong> da colocação no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> produto sabidamente nocivo,<br />

instigan<strong>do</strong> e propician<strong>do</strong> seu consumo, por meio <strong>de</strong> propaganda enganosa. Ilegitimida<strong>de</strong> passiva, no caso concr<strong>et</strong>o, <strong>de</strong> uma das<br />

corrés. Caracterização <strong>do</strong> nexo caus<strong>al</strong> quanto à outra co<strong>de</strong>mandada. Culpa. Responsabilida<strong>de</strong> civil subj<strong>et</strong>iva <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> omissão<br />

e negligência, caracterizan<strong>do</strong>-se a omissão na ação. Aplicação, também, <strong>do</strong> CDC, caracterizan<strong>do</strong>-se, ainda, a responsabilida<strong>de</strong><br />

obj<strong>et</strong>iva. In<strong>de</strong>nização <strong>de</strong>vida” (TJRS – Acórdão 70000144626, Santa Cruz <strong>do</strong> Sul – Nona Câmara Cível (Reg. Exceção) – Rel.<br />

Des. Ana Lúcia Carv<strong>al</strong>ho Pinto Vieira – j. 29.10.2003). Como fortes e contun<strong>de</strong>ntes argumentos sociológicos e jurídicos, constam<br />

<strong>do</strong> corpo da <strong>de</strong>cisão:

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