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3 - TARTUCE, Flávio et al. Manual de Direito do Consumidor - Direito Material e Processual (2017)

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Min. Sidnei Ben<strong>et</strong>i – j. 04.11.2008 – DJe 20.11.2008).<br />

“In<strong>de</strong>nização. Danos morais. Cartão <strong>de</strong> crédito emiti<strong>do</strong> sem solicitação <strong>do</strong> cliente. Inscrição na SERASA. Quantum in<strong>de</strong>nizatório<br />

reputa<strong>do</strong> excessivo. ‘O v<strong>al</strong>or da in<strong>de</strong>nização por dano mor<strong>al</strong> sujeita-se ao controle <strong>do</strong> Superior Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> Justiça, quan<strong>do</strong> a quantia<br />

arbitrada se mostra ínfima, <strong>de</strong> um la<strong>do</strong>, ou visivelmente exagerada, <strong>de</strong> outro. Hipótese <strong>de</strong> fixação excessiva, a gerar enriquecimento<br />

in<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> <strong>do</strong> ofendi<strong>do</strong>’ (REsp 439.956-TO, por mim relata<strong>do</strong>). Recurso especi<strong>al</strong> parci<strong>al</strong>mente conheci<strong>do</strong>, e, nessa parte, provi<strong>do</strong>”<br />

(STJ – REsp 596.438/AM – Quarta Turma – Rel. Min. Barros Monteiro – j. 04.05.2004 – DJ 24.05.2004, p. 283).<br />

Mais recentemente, pontue-se que a questão se consoli<strong>do</strong>u <strong>de</strong> t<strong>al</strong> forma naquela Corte que foi editada a sua Súmula n. 532, <strong>do</strong><br />

ano <strong>de</strong> 2015, segun<strong>do</strong> a qu<strong>al</strong> “constitui prática comerci<strong>al</strong> abusiva o envio <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong> crédito sem prévia e expressa solicitação <strong>do</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r, configuran<strong>do</strong>-se ato ilícito in<strong>de</strong>nizável e sujeito à aplicação <strong>de</strong> multa administrativa”. Aliás, em complemento, <strong>de</strong>ve-se<br />

enten<strong>de</strong>r que, no caso <strong>de</strong> envio <strong>de</strong> cartão <strong>de</strong> crédito sem solicitação, caso o consumi<strong>do</strong>r queira com ele permanecer, não se po<strong>de</strong><br />

cobrar pela anuida<strong>de</strong>, pela presença da citada amostra grátis (art. 39, parágrafo único).<br />

Seguin<strong>do</strong> na análise <strong>de</strong> concr<strong>et</strong>izações da norma, o Superior Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong>duziu que a assinatura <strong>de</strong> revistas ef<strong>et</strong>uada<br />

automaticamente pela empresa editori<strong>al</strong> representa afronta ao dispositivo ora estuda<strong>do</strong>, ensejan<strong>do</strong> a consequente responsabilização<br />

civil <strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r em caso envolven<strong>do</strong> i<strong>do</strong>so (hipervulnerável):<br />

“Recurso especi<strong>al</strong>. Responsabilida<strong>de</strong> civil. Ação <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nização por danos materiais e morais. Assinaturas <strong>de</strong> revistas não<br />

solicitadas. Reiteração. Débito lança<strong>do</strong> in<strong>de</strong>vidamente no cartão <strong>de</strong> crédito. Dano mor<strong>al</strong> configura<strong>do</strong>. Arts. 3º e 267, VI, <strong>do</strong> CPC.<br />

Ausência <strong>de</strong> prequestionamento. Súmulas STF/282 e 356. Quantum in<strong>de</strong>nizatório – Revisão obstada em face da proporcion<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> e<br />

razoabilida<strong>de</strong>. I. Para se presumir o dano mor<strong>al</strong> pela simples comprovação <strong>do</strong> ato ilícito, esse ato <strong>de</strong>ve ser obj<strong>et</strong>ivamente capaz <strong>de</strong><br />

acarr<strong>et</strong>ar a <strong>do</strong>r, o sofrimento, a lesão aos sentimentos íntimos juridicamente protegi<strong>do</strong>s. II. A reiteração <strong>de</strong> assinaturas <strong>de</strong> revistas não<br />

solicitadas é conduta consi<strong>de</strong>rada pelo Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r como prática abusiva (art. 39, III). Esse fato e os<br />

incômo<strong>do</strong>s <strong>de</strong>correntes das providências notoriamente dificultosas para o cancelamento significam sofrimento mor<strong>al</strong> <strong>de</strong> monta,<br />

mormente em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoa <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> avançada, próxima <strong>do</strong>s 85 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> à época <strong>do</strong>s fatos, circunstância que agrava o<br />

sofrimento mor<strong>al</strong>. III. O conteú<strong>do</strong> normativo <strong>do</strong>s arts. 3º e 267, VI, <strong>do</strong> CPC, não foi obj<strong>et</strong>o <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate no v. Acórdão recorri<strong>do</strong>,<br />

carecen<strong>do</strong>, portanto, <strong>do</strong> necessário prequestionamento viabiliza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> recurso especi<strong>al</strong>. Inci<strong>de</strong>m, na espécie, as Súmulas 282 e 356<br />

<strong>do</strong> Supremo Tribun<strong>al</strong> Fe<strong>de</strong>r<strong>al</strong>. IV. Só é possível a intervenção <strong>de</strong>sta Corte para reduzir ou aumentar o v<strong>al</strong>or in<strong>de</strong>nizatório por dano<br />

mor<strong>al</strong> nos casos em que o quantum arbitra<strong>do</strong> pelo Acórdão recorri<strong>do</strong> se mostrar irrisório ou exorbitante, situação que não se faz<br />

presente no caso em tela. Recurso especi<strong>al</strong> improvi<strong>do</strong>” (STJ – REsp 1102787/PR – Terceira Turma – Rel. Min. Sidnei Ben<strong>et</strong>i – j.<br />

16.03.2010 – DJe 29.03.2010).<br />

Outro exemplo envolven<strong>do</strong> o art. 39, inc. III, <strong>do</strong> CDC é relativo a serviços <strong>de</strong> telefonia ofereci<strong>do</strong>s sem solicitação. Entre tantos<br />

julga<strong>do</strong>s, cite-se o conheci<strong>do</strong> caso <strong>do</strong> tele-sexo, julga<strong>do</strong> pelo Superior Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> Justiça na década passada. Concluiu-se, com<br />

precisão, que t<strong>al</strong> serviço somente po<strong>de</strong>ria ser forneci<strong>do</strong> mediante prévia solicitação, não sen<strong>do</strong> o caso <strong>de</strong> cobrança se envia<strong>do</strong><br />

dir<strong>et</strong>amente ao consumi<strong>do</strong>r. Como se nota da primeira ementa transcrita, cabe reparação <strong>de</strong> danos se prejuízos estiverem presentes<br />

ao consumi<strong>do</strong>r:<br />

“Civil e processu<strong>al</strong>. Cobrança <strong>de</strong> ligações para ‘telessexo’. Oferecimento <strong>de</strong> serviço ou produto estranho ao contrato <strong>de</strong> telefonia sem<br />

anuência <strong>do</strong> usuário. Inv<strong>al</strong>ida<strong>de</strong>. Ônus da prova positiva <strong>do</strong> fato atribuível à empresa concessionária. Inscrição da titular da linha<br />

telefônica no CADIN. Danos morais. Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r, arts. 6º, VIII e 31, III. I. O ‘produto’ ou ‘serviço’ não<br />

inerente ao contrato <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> telefonia ou que não seja <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública, quan<strong>do</strong> posto à disposição <strong>do</strong> usuário pela<br />

concessionária – caso <strong>do</strong> ‘telessexo’ – carece <strong>de</strong> prévia autorização, inscrição ou cre<strong>de</strong>nciamento <strong>do</strong> titular da linha, em respeito à<br />

restrição prevista no art. 39, III, <strong>do</strong> CDC. II. Sustenta<strong>do</strong> pela autora não ter da<strong>do</strong> a <strong>al</strong>udida anuência, cabe à companhia telefônica o<br />

ônus <strong>de</strong> provar o fato positivo em contrário, nos termos <strong>do</strong> art. 6º, VIII, da mesma Lei 8.078/1990, o que inocorreu. III. Destarte, se<br />

afigura in<strong>de</strong>vida a cobrança <strong>de</strong> ligações nacionais ou internacionais a t<strong>al</strong> título, e, <strong>de</strong> igu<strong>al</strong> mo<strong>do</strong>, ilícita a inscrição da titular da linha<br />

como <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>ra em cadastro negativo <strong>de</strong> crédito, geran<strong>do</strong>, em contrapartida, o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> in<strong>de</strong>nizá-la pelos danos morais causa<strong>do</strong>s, que<br />

hão <strong>de</strong> ser fixa<strong>do</strong>s com mo<strong>de</strong>ração, sob pena <strong>de</strong> causar enriquecimento sem causa. IV. Recurso especi<strong>al</strong> conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong> em<br />

parte” (STJ – REsp 265.121/RJ – Quarta Turma – Rel. Min. Aldir Passarinho Junior – j. 04.04.2002 – DJ 17.06.2002, p. 267).<br />

“Telefone. Serviço ‘900’. ‘Disque prazer’. Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. O serviço ‘900’ é oneroso e somente po<strong>de</strong> ser<br />

forneci<strong>do</strong> mediante prévia solicitação <strong>do</strong> titular da linha telefônica. Recurso conheci<strong>do</strong> e provi<strong>do</strong>” (STJ – REsp 258156/SP – Quarta<br />

Turma – Rel. Min. Ruy Rosa<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aguiar – j. 21.09.2000 – DJ 11.12.2000, p. 210).<br />

Po<strong>de</strong>-se traçar um par<strong>al</strong>elo entre a última hipótese e o SPAM, que constitui o envio <strong>de</strong> e-mail sem solicitação pelo usuário da<br />

intern<strong>et</strong>. O termo SPAM tem origem no famoso enlata<strong>do</strong> <strong>de</strong> presunto comerci<strong>al</strong>iza<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, causa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> notória<br />

indigestão. O envio <strong>de</strong> SPAM representa clara quebra <strong>de</strong> boa-fé, exemplo típico <strong>de</strong> abuso <strong>de</strong> direito a enquadrar-se perfeitamente<br />

no art. 187 <strong>do</strong> CC/2002. Presentes os danos <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> envio <strong>do</strong> e-mail, caberá a correspon<strong>de</strong>nte ação <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> civil.<br />

Cite-se a hipótese em que um consumi<strong>do</strong>r recebe um SPAM <strong>de</strong> uma conhecida re<strong>de</strong> <strong>de</strong> lojas que trava o seu computa<strong>do</strong>r, fazen<strong>do</strong>

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