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3 - TARTUCE, Flávio et al. Manual de Direito do Consumidor - Direito Material e Processual (2017)

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casada no caso da empresa que presta serviços <strong>de</strong> TV por assinatura e exige a utilização <strong>de</strong> tecnologia somente por ela oferecida,<br />

sem qu<strong>al</strong>quer outra possibilida<strong>de</strong>:<br />

“Reparação <strong>de</strong> danos. NET. Serviço <strong>de</strong> telefone e televisão por assinatura. Defeito na prestação <strong>de</strong> serviço. Troca <strong>de</strong> rotea<strong>do</strong>r. F<strong>al</strong>ta<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada informação sobre o aparelho a ser usa<strong>do</strong> pela consumi<strong>do</strong>ra. Indução em erro. Ressarcimento pela <strong>de</strong>spesa na aquisição<br />

<strong>de</strong> aparelho exigi<strong>do</strong> pela ré, sob pena <strong>de</strong> caracterizar venda casada. Desnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter a tecnologia não homologada pela<br />

empresa. Solução <strong>de</strong> equida<strong>de</strong>. In<strong>de</strong>nização pelo tempo em que o sin<strong>al</strong> <strong>de</strong>notava má qu<strong>al</strong>ida<strong>de</strong>. Arbitramento. Quantum manti<strong>do</strong>, por<br />

f<strong>al</strong>ta <strong>de</strong> recurso da postulante. Cancelamento <strong>de</strong> serviço adicion<strong>al</strong> (assistência <strong>de</strong> re<strong>de</strong>), como <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong> revista, com restituição<br />

<strong>de</strong> v<strong>al</strong>ores, observa<strong>do</strong> o art. 290 <strong>do</strong> CPC. Ef<strong>et</strong>ivida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>cisão. Transtorno vivi<strong>do</strong> pela autora. Dissabor que po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong><br />

evita<strong>do</strong> pela ré, se tratasse o caso com a <strong>de</strong>vida atenção. Contribuição da autora, que po<strong>de</strong>ria ter busca<strong>do</strong>, antes, a proteção judici<strong>al</strong>.<br />

Dano mor<strong>al</strong> mitiga<strong>do</strong>. V<strong>al</strong>or reduzi<strong>do</strong>. Recurso parci<strong>al</strong>mente provi<strong>do</strong>” (TJRS – Recurso 46934-74.2010.8.21.9000, Porto Alegre –<br />

Terceira Turma Recurs<strong>al</strong> Cível – Rel. Des. Jerson Moacir Gubert – j. 27.01.2011 – DJERS 08.02.2011).<br />

Do Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> São Paulo, são pertinentes as ementas que concluem pela presença <strong>de</strong> venda casada quan<strong>do</strong> um curso<br />

condiciona a prestação <strong>de</strong> serviços à aquisição <strong>de</strong> apostilas com v<strong>al</strong>ores superfatura<strong>do</strong>s, presente ainda a lesão obj<strong>et</strong>iva em casos<br />

tais:<br />

“Prestação <strong>de</strong> serviços educacionais. Curso <strong>de</strong> informática. Ação <strong>de</strong> rescisão <strong>de</strong> contrato cumulada com anulação <strong>de</strong> débito e<br />

in<strong>de</strong>nização. Reconvenção com pleito <strong>de</strong> recebimento <strong>de</strong> multa contratu<strong>al</strong>. Parci<strong>al</strong> procedência da ação e improcedência da<br />

reconvenção na origem. Apelação da ré reconvinte e recurso a<strong>de</strong>sivo da autora. Caracterização <strong>de</strong> venda casada <strong>do</strong> curso com livros<br />

superfatura<strong>do</strong>s. Prática abusiva. Inteligência <strong>do</strong> art. 39, I, <strong>do</strong> CDC. Multa contratu<strong>al</strong> afastada. Reconvenção improce<strong>de</strong>nte. Dano<br />

mor<strong>al</strong> não caracteriza<strong>do</strong>. Apelo da ré improvi<strong>do</strong>. Recurso a<strong>de</strong>sivo da autora parci<strong>al</strong>mente provi<strong>do</strong>” (TJSP – Apelação<br />

990.10.498356-8 – Acórdão 4847703, Araraquara – Trigésima Sexta Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Dyrceu Cintra – j.<br />

02.12.2010 – DJESP 17.12.2010).<br />

“Em face da prática abusiva, a venda casada <strong>de</strong> livros a custo <strong>de</strong>sproposita<strong>do</strong> e curso <strong>de</strong> inglês, que engana o consumi<strong>do</strong>r, engana<strong>do</strong><br />

antes na promessa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto que não houve, <strong>de</strong>cr<strong>et</strong>a-se a rescisão <strong>do</strong> contrato, sem se cogitar <strong>de</strong> multa. A ação fica julgada<br />

proce<strong>de</strong>nte e a reconvenção, improce<strong>de</strong>nte” (TJSP – Apelação Cível 990.10.035677-1 – Acórdão 4613637, Araraquara – Vigésima<br />

Oitava Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Celso Pimentel – j. 27.07.2010 – DJESP 20.08.2010).<br />

Por fim, insta trazer a conclusão <strong>do</strong> Superior Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> Justiça a respeito da cobrança <strong>de</strong> assinatura mínima nos serviços <strong>de</strong><br />

telefonia, tema que gerou uma quantida<strong>de</strong> enorme <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas judiciais, que <strong>al</strong>egavam a caracterização da venda casada. Em<br />

2008, foi editada a Súmula 356 por aquele Tribun<strong>al</strong>, preconizan<strong>do</strong> que “É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso <strong>do</strong>s serviços<br />

<strong>de</strong> telefonia fixa”. Cabe transcrever um <strong>do</strong>s prece<strong>de</strong>ntes que gerou a ementa, para os <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s esclarecimentos a respeito <strong>do</strong> seu<br />

conteú<strong>do</strong>:<br />

“Rep<strong>et</strong>ição <strong>de</strong> indébito. Assinatura básica <strong>de</strong> telefonia fixa. Lei 9.472/1997. Resolução 85/1998 da ANATEL. Contrato <strong>de</strong><br />

concessão. Previsão. Violação ao CDC. Inexistência. Leg<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> da tarifa. Devolução em <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> quantum. Prejudici<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

recurso da consumi<strong>do</strong>ra. I. A cobrança da tarifa básica <strong>de</strong> assinatura mens<strong>al</strong>, constante <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> concessão pública, constitui-se<br />

em contraprestação pela disponibilização <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> forma contínua e ininterrupta ao usuário, sen<strong>do</strong> amparada pela Lei 9.472, <strong>de</strong><br />

16.07.1997, bem como por Resolução da ANATEL, entida<strong>de</strong> responsável pela regulação, inspeção e fisc<strong>al</strong>ização <strong>do</strong> s<strong>et</strong>or <strong>de</strong><br />

telecomunicações no País. II. Em recente pronunciamento, a Colenda Primeira Seção, ao julgar o REsp 911.802/RS, Rel. Min. José<br />

Delga<strong>do</strong>, em 24.10.2007, enten<strong>de</strong>u que a referida cobrança não vulnera o Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r, ten<strong>do</strong> em vista a<br />

existência <strong>de</strong> previsão leg<strong>al</strong>, <strong>al</strong>ém <strong>do</strong> que, por se tratar <strong>de</strong> serviço que é disponibiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> contínuo e ininterrupto, acarr<strong>et</strong>an<strong>do</strong><br />

dispêndios financeiros para a concessionária, <strong>de</strong>ve ser afastada qu<strong>al</strong>quer <strong>al</strong>egação <strong>de</strong> abusivida<strong>de</strong> ou vantagem <strong>de</strong>sproporcion<strong>al</strong>. III.<br />

Prejudica<strong>do</strong> o recurso da consumi<strong>do</strong>ra, eis que, ao se enten<strong>de</strong>r pela leg<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> da cobrança da assinatura básica <strong>de</strong> telefonia, não há<br />

<strong>de</strong> se f<strong>al</strong>ar em discussão acerca <strong>do</strong> direito à <strong>de</strong>volução <strong>do</strong> v<strong>al</strong>or pago in<strong>de</strong>vidamente. IV. Recurso especi<strong>al</strong> da concessionária provi<strong>do</strong><br />

e apelo nobre da consumi<strong>do</strong>ra prejudica<strong>do</strong>” (STJ – REsp 870.600/PB – Primeira Turma – Rel. Min. Francisco F<strong>al</strong>cão – j. 04.12.2007<br />

– DJe 27.03.2008).<br />

Deve ficar claro que o presente autor não concorda com t<strong>al</strong> entendimento, por pensar que existe, sim, venda casada, no caso da<br />

cobrança <strong>de</strong> assinatura básica, uma vez que o serviço <strong>de</strong> telefonia somente é presta<strong>do</strong> mediante o pagamento <strong>de</strong> t<strong>al</strong> v<strong>al</strong>or. A<br />

re<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> da telefonia celular pré-paga <strong>de</strong>monstra que é perfeitamente possível fazer o mesmo com a telefonia fixa, sem que isso<br />

torne o serviço inviável para as opera<strong>do</strong>ras.<br />

7.2.2.<br />

Recusar atendimento às <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, na exata medida <strong>de</strong> suas disponibilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> estoque, e, ainda, <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong> com os usos e costumes (art. 39, inc. II, <strong>do</strong> CDC)<br />

A previsão engloba a negação <strong>de</strong> venda por parte <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res ou presta<strong>do</strong>res, levan<strong>do</strong>-se em conta as suas

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