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3 - TARTUCE, Flávio et al. Manual de Direito do Consumidor - Direito Material e Processual (2017)

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“Embargos <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração. Ensino particular. Desnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>bater to<strong>do</strong>s os argumentos das partes. Aplicação <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />

Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. Diálogo das fontes. 1. Formada a convicção pelo julga<strong>do</strong>r que já encontrou motivação suficiente para<br />

<strong>al</strong>icerçar sua <strong>de</strong>cisão, e fundamentada nesse senti<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ram-se afastadas teses, normas ou argumentos porventura esgrimi<strong>do</strong>s<br />

em senti<strong>do</strong>s diversos. 2. Em matéria <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>r vige um méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> superação das antinomias chama<strong>do</strong> <strong>de</strong> diálogo das fontes,<br />

segun<strong>do</strong> o qu<strong>al</strong> o diploma consumerista coexiste com as <strong>de</strong>mais fontes <strong>de</strong> direito como o Código Civil e Leis esparsas. Embargos<br />

<strong>de</strong>sacolhi<strong>do</strong>s” (TJRS – Embargos <strong>de</strong> Declaração 70027747146, Caxias <strong>do</strong> Sul – Sexta Câmara Cível – Rel. Des. Liége Puricelli<br />

Pires – j. 18.12.2008 – DOERS 05.02.2009, p. 43).<br />

Por fim, sem prejuízo <strong>de</strong> inúmeros outros julga<strong>do</strong>s que utilizaram a teoria <strong>do</strong> diálogo das fontes, merecem relevo os seguintes<br />

acórdãos <strong>do</strong> Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> São Paulo, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> buscan<strong>do</strong> uma complementarida<strong>de</strong> entre o CC/2002 e o CDC:<br />

“Civil. Compromisso <strong>de</strong> compra e venda <strong>de</strong> imóvel. Transação. Carta <strong>de</strong> crédito. Relação <strong>de</strong> consumo. Lei 8.078/1990. Diálogo das<br />

fontes. Abusivida<strong>de</strong> das condições consignadas em carta <strong>de</strong> crédito. V<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> instrumento quanto ao reconhecimento <strong>de</strong> dívida.<br />

Processu<strong>al</strong> civil. Honorários. Princípio da sucumbência e da caus<strong>al</strong>ida<strong>de</strong>. Arbitramento em conformida<strong>de</strong> com o disposto no art. 20,<br />

§ 3º <strong>do</strong> CPC. Recurso <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>” (TJSP – Apelação com Revisão 293.227.4/4 – Acórdão 3233316, São Paulo – Segunda Câmara<br />

<strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Boris Padron Kauffmann – j. 09.09.2008 – DJESP 01.10.2008).<br />

“Responsabilida<strong>de</strong> civil. Defeito em construção. Contrato <strong>de</strong> empreitada mista. Responsabilida<strong>de</strong> obj<strong>et</strong>iva <strong>do</strong> empreiteiro. Análise<br />

conjunta <strong>do</strong> CC e CDC. Diálogo das fontes. Sentença mantida. Recurso improvi<strong>do</strong>” (TJSP – Apelação com revisão 281.083.4/3 –<br />

Acórdão 3196517, Bauru – Oitava Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Ca<strong>et</strong>ano Lagrasta – j. 21.08.2008, DJESP 09.09.2008).<br />

“Responsabilida<strong>de</strong> civil por vícios <strong>de</strong> construção. Desconformida<strong>de</strong> entre o proj<strong>et</strong>o e a obra. Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> espessura inferior às<br />

constantes <strong>do</strong> proj<strong>et</strong>o, que provocam <strong>al</strong>terações acústicas e <strong>de</strong> temperatura nas unida<strong>de</strong>s autônomas. Responsabilida<strong>de</strong> da<br />

incorpora<strong>do</strong>ra e construtora pela corr<strong>et</strong>a execução <strong>do</strong> empreendimento. Vinculação da incorpora<strong>do</strong>ra e construtora à execução das<br />

benfeitorias prom<strong>et</strong>idas, que integram o preço. Desv<strong>al</strong>orização <strong>do</strong> empreendimento. In<strong>de</strong>nização pelos vícios <strong>de</strong> construção e pelas<br />

<strong>de</strong>sconformida<strong>de</strong>s com o proj<strong>et</strong>o origin<strong>al</strong> e a oferta aos adquirentes das unida<strong>de</strong>s. Inocorrência <strong>de</strong> prescrição ou <strong>de</strong>cadência da<br />

pr<strong>et</strong>ensão ou direito à in<strong>de</strong>nização. Incidência <strong>do</strong> prazo prescricion<strong>al</strong> <strong>de</strong> soli<strong>de</strong>z da obra <strong>do</strong> Código Civil. Diálogo das fontes com o<br />

Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r. Ação proce<strong>de</strong>nte. Recurso improvi<strong>do</strong>” (TJSP – Apelação cível 407.157.4/8 – Acórdão 2635077,<br />

Piracicaba – Quarta Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Francisco Loureiro – j. 29.05.2008 – DJESP 20.06.2008).<br />

Superadas essas ilustrações, <strong>de</strong>ve ficar bem claro que a teoria <strong>do</strong> diálogo das fontes é re<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> inafastável <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong><br />

Consumi<strong>do</strong>r no Brasil. Sen<strong>do</strong> assim, t<strong>al</strong> premissa teórica, por diversas vezes, será utilizada como linha <strong>de</strong> argumentação na<br />

presente obra. De toda sorte, cumpre <strong>de</strong>stacar que a teoria <strong>do</strong> diálogo das fontes surge para substituir e superar os critérios<br />

clássicos <strong>de</strong> solução das antinomias jurídicas (hierárquico, da especi<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> e cronológico). Re<strong>al</strong>mente, esse será o seu papel no<br />

futuro. No momento, ainda é possível conciliar os clássicos critérios com a aclamada tese.<br />

1.4.<br />

O CONTEÚDO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E A ORGANIZAÇÃO<br />

DA PRESENTE OBRA<br />

Este livro procura an<strong>al</strong>isar os principais conceitos e construções que constam da Lei 8.078, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> s<strong>et</strong>embro <strong>de</strong> 1990,<br />

conheci<strong>do</strong> como Código <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r em seus aspectos materiais e processuais. A sua organização segue justamente a<br />

divisão m<strong>et</strong>o<strong>do</strong>lógica constante naquela lei.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, superada a presente introdução, o Capítulo 2 <strong>de</strong>sta obra aborda os princípios estruturantes <strong>do</strong> Código Brasileiro<br />

<strong>de</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r, r<strong>et</strong>ira<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s arts. 4º e 6º da Lei 8.078/1990.<br />

Em continuida<strong>de</strong>, no Capítulo 3 são estuda<strong>do</strong>s os elementos da relação jurídica <strong>de</strong> consumo (elementos subj<strong>et</strong>ivos e obj<strong>et</strong>ivos),<br />

ten<strong>do</strong> como parâm<strong>et</strong>ros estruturais os arts. 2º e 3º <strong>do</strong> CDC, sem prejuízo <strong>de</strong> outros coman<strong>do</strong>s, caso <strong>do</strong>s seus arts. 17 e 29, que<br />

tratam <strong>do</strong> conceito <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r por equiparação ou bystan<strong>de</strong>r.<br />

No Capítulo 4, o cerne <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> é a responsabilida<strong>de</strong> civil <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> produtos e presta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços, um <strong>do</strong>s<br />

temas mais importantes <strong>do</strong> <strong>Direito</strong> <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r na atu<strong>al</strong>ida<strong>de</strong>, matéria tratada entre os arts. 8º a 27.<br />

O Capítulo 5 tem por obj<strong>et</strong>o a proteção contratu<strong>al</strong> <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res, constante <strong>do</strong>s arts. 46 a 54, capítulo que também traz<br />

regras fundamentais para a re<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> contemporânea consumerista.<br />

Ten<strong>do</strong> por obj<strong>et</strong>o também as práticas comerciais, assim como o tópico anterior, o Capítulo 6 aborda a proteção <strong>do</strong>s<br />

consumi<strong>do</strong>res quanto à oferta e publicida<strong>de</strong>, com enfoque teórico e prático (arts. 30 a 38).<br />

No Capítulo 7, ainda com relação às práticas comerciais, verifica-se o estu<strong>do</strong> das práticas abusivas, ten<strong>do</strong> como parâm<strong>et</strong>ro os<br />

arts. 30 a 42-A da Lei Consumerista.<br />

O importante e atu<strong>al</strong> tema <strong>do</strong>s cadastros <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res é a matéria <strong>do</strong> Capítulo 8 <strong>de</strong>ste livro, com análise da natureza <strong>do</strong>s

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