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3 - TARTUCE, Flávio et al. Manual de Direito do Consumidor - Direito Material e Processual (2017)

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Por fim, estabelece a Lei 8.078/1990 o que consumi<strong>do</strong>r não respon<strong>de</strong> por quaisquer ônus ou acréscimos <strong>de</strong>correntes da<br />

contratação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> terceiros não previstos no orçamento prévio, o que cabe ao presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviços (art. 40, § 3º, <strong>do</strong> CDC).<br />

Desse mo<strong>do</strong>, cabe a prestação <strong>de</strong> serviços por terceiros à custa <strong>do</strong> <strong>de</strong>ve<strong>do</strong>r originário que se comprom<strong>et</strong>eu. Para as <strong>de</strong>vidas medidas<br />

judiciais, têm incidência os arts. 816 e 817 <strong>do</strong> CPC/2015 (equiv<strong>al</strong>entes aos arts. 633 e 634 <strong>do</strong> CPC/1973). Pela via extrajudici<strong>al</strong>,<br />

po<strong>de</strong> ser o caso <strong>de</strong> subsunção <strong>do</strong> art. 249, parágrafo único, <strong>do</strong> CC/2002, in verbis: “Em caso <strong>de</strong> urgência, po<strong>de</strong> o cre<strong>do</strong>r,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> autorização judici<strong>al</strong>, executar ou mandar executar o fato, sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois ressarci<strong>do</strong>”.<br />

7.2.7.<br />

Repassar informação <strong>de</strong>preciativa referente a ato pratica<strong>do</strong> pelo consumi<strong>do</strong>r no exercício <strong>de</strong><br />

seus direitos (art. 39, inc. VII, <strong>do</strong> CDC)<br />

O coman<strong>do</strong> veda as chamadas listas internas <strong>de</strong> maus consumi<strong>do</strong>res ou listas negras, em relação a consumi<strong>do</strong>res que buscam<br />

exercer os direitos que a lei lhes faculta. O dispositivo não se confun<strong>de</strong> com o art. 43 <strong>do</strong> CDC, que trata <strong>de</strong> bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e<br />

cadastros <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res, categorias que ainda serão vistas no próximo capítulo <strong>de</strong>ste livro.15 A respeito <strong>de</strong>ssa diferenciação,<br />

<strong>al</strong>iás, enten<strong>de</strong>u o Tribun<strong>al</strong> <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> São Paulo: “Ação civil pública. Supressão <strong>do</strong> cadastro <strong>de</strong> passagens da Associação<br />

Comerci<strong>al</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em que são registra<strong>do</strong>s negócios re<strong>al</strong>iza<strong>do</strong>s pelos consumi<strong>do</strong>res, sem comunicação da<br />

inclusão <strong>do</strong>s nomes <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. Manutenção <strong>do</strong> cadastro é útil à socieda<strong>de</strong>. Informações trazem mais segurança nas<br />

operações <strong>de</strong> crédito, com a diminuição da inadimplência e a redução da taxa <strong>de</strong> juros, o que beneficia os consumi<strong>do</strong>res em ger<strong>al</strong>.<br />

Não se vislumbra ilicitu<strong>de</strong>, nem prática abusiva, por não haver repasse <strong>de</strong> informações <strong>de</strong>preciativas em relação ao consumi<strong>do</strong>r.<br />

Sentença mantida. Recurso improvi<strong>do</strong>” (TJSP – Apelação com Revisão 384.649.4/8 – Acórdão 4020149, São Paulo – Primeira<br />

Câmara <strong>de</strong> <strong>Direito</strong> Priva<strong>do</strong> – Rel. Des. Paulo Razuk – j. 11.08.2009 – DJESP 07.10.2009).<br />

O que se veda, a título <strong>de</strong> ilustração, é que empresas que exploram d<strong>et</strong>ermina<strong>do</strong>s s<strong>et</strong>ores troquem nomes <strong>de</strong> consumi<strong>do</strong>res que<br />

ingressam em juízo para tutela <strong>de</strong> seus direitos, com o fim <strong>de</strong> dificultar novas aquisições <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo (consumi<strong>do</strong>res<br />

in<strong>de</strong>sejáveis). Não se admite, por razões óbvias, a mesma conduta <strong>de</strong> informação negativa em relação aos advoga<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sses<br />

consumi<strong>do</strong>res, que agem em exercício regular das próprias funções. Deve ficar claro que t<strong>al</strong> prática existe entre gran<strong>de</strong>s empresas,<br />

conforme tem revela<strong>do</strong> a imprensa nacion<strong>al</strong> televisiva.<br />

Eventu<strong>al</strong>mente, os consumi<strong>do</strong>res e procura<strong>do</strong>res prejudica<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão fazer uso da responsabilida<strong>de</strong> obj<strong>et</strong>iva <strong>do</strong> Código <strong>de</strong><br />

Defesa <strong>do</strong> Consumi<strong>do</strong>r para responsabilizar os fornece<strong>do</strong>res e presta<strong>do</strong>res pela prática abusiva. E isso sem prejuízo <strong>de</strong> outras<br />

sanções a que possam estar sujeitos os agentes que atuam em abuso <strong>de</strong> direito, caso das pen<strong>al</strong>ida<strong>de</strong>s administrativas.<br />

7.2.8.<br />

Colocar, no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumo, qu<strong>al</strong>quer produto ou serviço em <strong>de</strong>sacor<strong>do</strong> com as normas<br />

expedidas pelos órgãos oficiais comp<strong>et</strong>entes ou, se normas específicas não existirem, pela<br />

Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas (ABNT) ou outra entida<strong>de</strong> cre<strong>de</strong>nciada pelo<br />

Conselho Nacion<strong>al</strong> <strong>de</strong> M<strong>et</strong>rologia, Norm<strong>al</strong>ização e Qu<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> Industri<strong>al</strong> – CONMETRO (art. 39,<br />

inc. VIII, <strong>do</strong> CDC)<br />

Como se r<strong>et</strong>ira da obra <strong>de</strong> Rizzatto Nunes, quatro são os tipos <strong>de</strong> normas técnicas existentes no Brasil:<br />

–<br />

–<br />

–<br />

–<br />

NBR 1: normas compulsórias aprovadas pelo CONMETRO, com uso obrigatório em to<strong>do</strong> o País.<br />

NBR 2: normas <strong>de</strong> referência aprovadas pelo CONMETRO, <strong>de</strong> uso obrigatório pelo Po<strong>de</strong>r Público.<br />

NBR 3: normas registradas com caráter voluntário, com registro pelo INMETRO (Instituto Nacion<strong>al</strong> <strong>de</strong> M<strong>et</strong>rologia,<br />

Normatização e Qu<strong>al</strong>ida<strong>de</strong> Industri<strong>al</strong>).<br />

NBR 4: normas probatórias, registra<strong>do</strong>s no INMETRO, ainda em fase <strong>de</strong> experimentos, com vigência limitada.16<br />

Na verda<strong>de</strong>, o dispositivo <strong>do</strong> CDC visa a uma padronização <strong>de</strong> condutas, para que os consumi<strong>do</strong>res não sejam expostos a<br />

situações <strong>de</strong> risco ou perigo pelos produtos postos em circulação no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumo. Presente a prática abusiva, caberão as<br />

sanções administrativas <strong>do</strong> art. 56 da Lei 8.078/1990, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apreensão <strong>de</strong> produtos, sem prejuízo da<br />

responsabilização civil correspon<strong>de</strong>nte.<br />

7.2.9.<br />

Recusar a venda <strong>de</strong> bens ou a prestação <strong>de</strong> serviços, dir<strong>et</strong>amente a quem se disponha a adquirilos<br />

mediante pronto pagamento, ress<strong>al</strong>va<strong>do</strong>s os casos <strong>de</strong> intermediação regula<strong>do</strong>s em leis<br />

especiais (art. 39, inc. IX, <strong>do</strong> CDC)<br />

O preceito foi introduzi<strong>do</strong> pela Lei 8.884/1994, ten<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong> mais amplo <strong>do</strong> que o inciso II, pois dirigida a qu<strong>al</strong>quer<br />

situação <strong>de</strong> <strong>al</strong>ienação <strong>de</strong> bens, sen<strong>do</strong> proibida a negação <strong>de</strong> venda a quem <strong>de</strong> imediato se apresenta à celebração <strong>do</strong> negócio.17 A

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