27.07.2020 Views

Assassin's Creed Submundo - Português

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Com o canto do olho, Abberline percebeu um movimento e se virou. Viu três outros

jovens malandros passarem por baixo da cerca e irem até a estrada, atrás dele. Podem vir,

pensou. Não tem nada de valor aí. A menos que você considere um cadáver gordo e um

tecido coisas de valor.

— Não, não se preocupe, filho. Estou indo para o necrotério carregando um morto.

— Um morto, é? — comentou uma voz vinda por trás, um dos recém-chegados.

Àquela altura, mais duas crianças haviam chegado. Um grupinho já tinha se formado

ao redor da carroça.

— Ei, vocês, saiam daí — advertiu Abberline. — Não tem nada que interesse aí atrás.

— A gente pode dar uma olhada nele, senhor?

— Não, não podem, ora essa! — gritou ele por cima do ombro. — Agora caiam fora,

antes que eu seja obrigado a mostrar com o cassetete que paciência tem limite.

O primeiro garoto ainda continuava afagando o cavalo e levantou o rosto para falar

novamente com Abberline.

— Por que envolveram a polícia, senhor? Esse aí teve uma morte complicada, é?

— Pode-se dizer que sim — retrucou Abberline, agora impaciente. — Agora saia da

frente, filho, e me deixe passar.

A carroça balançou de repente. Ele quase se virou para repreender os garotos que

obviamente estavam tentando espiar por baixo do tecido, aqueles diabinhos. Então, a

carroça tornou a balançar, e dessa vez Abberline, irritado e desejoso de dar o fora de

Belle Isle o quanto antes, agitou as rédeas com autoridade.

— Caiam fora! — ordenou. Se o garoto continuasse no meio do caminho, bem,

problema dele.

Incitou o cavalo para a frente, e o menino foi obrigado a dar um passo para o lado.

Ao passar, Abberline olhou para baixo e viu o jovem diabrete sorrindo misteriosamente

para ele.

— Boa sorte com seu morto, senhor — disse ele, tocando o cacho de cabelo sobre sua

testa com os nós dos dedos de um jeito zombeteiro do qual Abberline não deu

importância: simplesmente grunhiu e tornou a agitar as rédeas, olhando para a frente.

Passou pelo restante das casas e seguiu direto até os portões do necrotério, onde

pigarreou alto para acordar um funcionário que cochilava, sentado numa cadeira de

madeira. Este inclinou o chapéu para baixo num cumprimento e deixou que ele entrasse.

— Que tem aí? — perguntou outro funcionário do necrotério, que acabara de sair por

uma porta lateral.

Abberline tinha descido da carroça, desengonçado. Na entrada, o dorminhoco fechara

os portões — às suas costas, o cortiço de Belle Isle parecia mais a marca fuliginosa de um

polegar numa vidraça.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!