27.07.2020 Views

Assassin's Creed Submundo - Português

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

os habitantes da rotunda: os necromantes, cartomantes, adivinhos e malabaristas que,

durante o dia, ofereciam seus serviços aos visitantes do túnel, o famoso Túnel do Tâmisa.

Primeiro de sua espécie a ser construído no mundo, o Túnel do Tâmisa estendia-se

dali, de Wapping, até Rothermine, sob o rio. Levara quinze anos para ser construído,

quase aniquilando seu construtor, o Sr. Marc Brunel e por pouco não tomando a vida de

seu filho Isambard, que quase se afogara em uma das enchentes que assolou a construção.

Os dois tinham esperança de ver o túnel sendo usado por carroças puxadas a cavalo, mas

os custos os venceram, e em vez disso o túnel virou atração turística. Os visitantes

pagavam um centavo para caminhar pelos seus 400 metros de extensão, e toda uma

indústria subterrânea se criara para servi-los.

Do hall de entrada O Fantasma foi até a boca negra do túnel, com seus dois arcos

apontando para o homem como os tambores de uma pistola. O túnel era largo, com teto

alto, mas graças à alvenaria que o recobria, cada passada ecoava, e a mudança súbita de

ambiente tornava a escuridão quase palpável. De dia, centenas de lampiões a gás baniam o

escuro, mas à noite a única iluminação que existia vinha das velas tremeluzentes de quem

fazia do túnel seu lar: comerciantes, místicos, dançarinos, amestradores, cantores,

palhaços e ambulantes. Dizia-se que dois milhões de pessoas por ano visitavam o túnel,

desde sua inauguração, há cerca de dezenove anos. Quando se conseguia um canto ali, não

se arredava pé, com medo de que algum malandro esperto o roubasse se você se

ausentasse.

Ao passar, O Fantasma olhava para os corpos dos ambulantes e artistas deitados, e

seus passos ecoavam no piso de pedra. Ele espiou para o interior das alcovas e correu a

luz de sua lanterna sobre os corpos dos que dormiam sob as arcadas da divisória que

atravessava o túnel.

Uma hierarquia rígida imperava por ali. Os ambulantes ficavam logo na entrada. Mais

adiante, era o lugar dos mendigos, dos sem-teto, dos vagabundos, e bem mais à frente

ficavam os ladrões, criminosos e fugitivos.

Quando amanhecia, os ambulantes, que tinham grande interesse em ver o túnel livre

de vagabundos e o mais higienizado possível, iam ajudar os policiais a fazer a limpeza. Os

malandros e fugitivos saíam logo de madrugada, ainda no escuro. O restante, os

mendigos, pedintes e prostitutas, saíam atordoados com a luz carregando seus pertences,

prontos para mais um dia em que iriam sobreviver com nada.

A luz da lanterna do Fantasma dançou sobre um vulto adormecido na escuridão de

uma das alcovas. A alcova seguinte estava vazia. Ele balançou a tocha para iluminar os

arcos da divisória do túnel, e viu que também estavam vagos. Sentiu a rara luz diminuir

atrás dele e o brilho de sua lanterna enfraquecer de repente, dançando de um jeito

misterioso nos tijolos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!