POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
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Políticas de formação docente<br />
embora nos Parâmetros Curriculares Nacionais, documento encarregado de divulgar as diretrizes<br />
do projeto educacional da LDB atual, os termos construção ou construir apareçam 31 vezes nas<br />
22 páginas que esclarecem os seus “Princípios e Fundamentos”, segundo levantamento de<br />
Carvalho (2001, p. 104).<br />
124<br />
Na proposta de Progressão, pressupõe-se que progredir continuamente no sistema<br />
escolar significa progredir continuamente nos conhecimentos. Nenhum conhecimento, a priori,<br />
está pronto e precisamos aumentá-los, construí-los, melhorá-los. E esta é uma das idéias caras<br />
ao Construtivismo...<br />
Buscaremos, então, saber se o que está por trás dessa proposta é a visão piagetiana<br />
de construtivismo. Para isto, analisaremos alguns argumentos da deliberação que instituiu a<br />
Progressão no Estado de São Paulo e do texto da Secretária da Educação à época, mencionado<br />
atrás (NEUBAUER, 2000).<br />
Argumento 1. Segundo a proposta de Progressão Continuada, o ser humano, desde<br />
que nasce, apresenta ritmos e estilos para realizar toda e qualquer aprendizagem. Se assim é, o<br />
professor deve propor diferentes formas de ensinar e avaliar para contemplar as diferenças.<br />
a) A Progressão Continuada se fundamenta nas diferenças de ritmo individuais e<br />
Piaget se interessa pelo sujeito universal (sujeito epistêmico).<br />
As pessoas possuem capacidade semelhante de construir conhecimentos, mas<br />
cada uma possui experiências diferentes, dependentes das interações sociais com o seu contexto<br />
de vida. Para Piaget (1973), no entanto, as crianças seguem um percurso seqüencial, uma<br />
sucessão de estádios de desenvolvimento intelectual em que diferenças individuais pouco<br />
interferem, pois estas etapas fazem parte do desenvolvimento psicológico do ser humano. Ainda<br />
que possa haver atrasos neste desenvolvimento, podem ser o resultado não do aspecto<br />
propriamente psicológico ou espontâneo, como afirma Piaget, mas do aspecto psico-social, sujeito<br />
à transmissão educativa ou social em geral.<br />
Lembramos que, para a Progressão Continuada, cada criança tem um ritmo próprio<br />
que não deve ser “atropelado” pelo ritmo escolar, delimitado aleatoriamente pelos conhecimentos<br />
a serem aprendidos em determinado período, por exemplo, em um ano letivo. Para o Construtivismo<br />
de Piaget, não é a diferença que importa, mas sim o que há de comum aos sujeitos, às crianças<br />
de qualquer parte do mundo.<br />
b) A Progressão Continuada argumenta em termos de ritmo de aprendizagem e<br />
Piaget fala em ritmo de desenvolvimento, que depende da maturação biológica, dos fatores sociais<br />
de interação individual e de transmissão educativa e cultural (PIAGET, 1973).<br />
Piaget distingue desenvolvimento de aprendizagem. Segundo ele, o<br />
desenvolvimento precede e acompanha a aprendizagem. As noções e estruturas lógico-<br />
matemáticas se desenvolvem ao longo da vida e pertencem à esfera do desenvolvimento<br />
espontâneo. Para ensinarmos algo, como a solução de um problema que depende, por exemplo,<br />
de a criança realizar a operação de seriação, precisamos considerar se ela é capaz de realizar tal<br />
operação, que é própria do estádio Operacional Concreto.<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO