POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
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Políticas de formação docente<br />
conhecimento sobre o seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos,<br />
transformando-os em ação”.<br />
A segunda passagem relaciona-se com o segundo princípio (b) que se assenta no<br />
fato de que a formação do professor “tem duas peculiaridades muito especiais: ele aprende a<br />
profissão no lugar similar àquele em que vai atuar, porém numa situação invertida. Isso implica<br />
que deve haver coerência entre o que se faz na formação e o que dele se espera como profissional”.<br />
A experiência que temos com os cursos de licenciatura corrobora o ponto de vista<br />
da relatora. Ou seja, boa parte dos professores que atua nos cursos de licenciatura não distingue<br />
a sua atividade dos cursos de bacharelado. Aliás, em muitos casos, os docentes que atuam nos<br />
cursos de licenciatura têm uma avaliação depreciativa desses cursos. São considerados por<br />
esses docentes cursos de segunda categoria.<br />
Entretanto, a própria relatora faz uma ressalva, quando afirma: “Não se trata de<br />
infantilizar a educação inicial do professor, mas de torná-la uma experiência análoga à experiência<br />
de aprendizagem que ele deve facilitar a seus futuros alunos”.<br />
Do ponto de vista epistemológico o adota uma perspectiva interdisciplinar, quando<br />
afirma: “Na relação entre competências e conhecimentos, há que considerar ainda que a<br />
constituição da maioria das competências objetivadas na educação básica atravessa as<br />
tradicionais fronteiras disciplinares, segundo as quais se organiza a maioria das escolas, e, exige<br />
um trabalho integrado entre professores das diferentes disciplinas ou áreas afins”.<br />
Todavia, a questão da interdisciplinaridade curricular extrapola o âmbito estritamente<br />
curricular ou mesmo metodológico, como supõe a relatora, uma vez que implica numa ampla<br />
reorganização do trabalho pedagógico nas escolas que, para tanto, necessitam dispor de uma<br />
autonomia que ainda não desfrutam. Implica, por exemplo, em romper com a concepção de<br />
“professor aulista”, espaço para reuniões, efetiva coordenação pedagógica e construção de um<br />
projeto pedagógico que seja assumido pelo conjunto dos professores. Envolve também o repensar<br />
de todo o professo de formação dos professores no interior das licenciaturas, uma vez que nelas<br />
prevalece, com algumas exceções, um currículo rigidamente disciplinar, onde a prática da<br />
interdisciplinaridade é rara.<br />
Até aqui comentamos aspectos inovadores com os quais concordamos. Entretanto,<br />
temos também discordâncias.<br />
Uma delas diz respeito ao que a relatora denomina “perigo de infantilização da<br />
formação do professor” e que quer evitar e, ao meu ver não foi evitado, uma vez que resolução<br />
acaba por estabelecer um excessivo atrelamento da formação do professor aos conteúdos a<br />
serem ensinados na educação básica, pois uma coisa é levar em conta para que tipo de ação<br />
profissional se está formando o professor e outra é “amarrar” essa formação aos procedimentos<br />
adotados na educação básica. Neste caso, há um perigoso reducionismo e uma desnecessária<br />
instrumentalização na formação do docente.<br />
Aliás, essa tendência se repete, quando a relatora discute a questão do processo<br />
de pesquisa na formação do professor. Há novamente um viés reducionista, que vai além de um<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO<br />
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