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POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp

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Políticas de formação docente<br />

126<br />

Argumento 3. Toda criança é capaz de aprender. A teoria de Piaget pode ser uma<br />

das fontes teóricas para esta afirmação, mas não é a única. Há tempos que a Psicologia vem<br />

demonstrando que a capacidade de aprendizagem independe de classe social, raça e condições<br />

familiares.<br />

A frase pode ser explicada pela teoria de Piaget, segundo a qual, basta que existam<br />

condições orgânicas para tal aprendizagem, embora ocorram defasagens especialmente quando<br />

interações sociais e educativas são restritas (PIAGET, 1973).<br />

Piaget não fala de qualquer conhecimento, mas daqueles que organizam o<br />

pensamento, os conhecimentos lógico-matemáticos. Toda criança é capaz de aprender, mas<br />

depende de o quê e quando o permite o seu desenvolvimento cognitivo, e como, o que supõe<br />

métodos e recursos adequados à sua idade e ao seu interesse. Ela simplesmente não aprende<br />

tudo da mesma maneira. Para alguns conteúdos, é necessário treino, repetição; para outros, são<br />

necessárias criação, compreensão, construção.<br />

Portanto, dizer que toda criança é capaz de aprender é importante para a<br />

educação escolar. Mas é necessário despertar seu interesse, além de tentar adequar os conteúdos<br />

de aprendizagem ao seu nível intelectual, escolhendo metodologias de trabalho que possibilitem<br />

exercitar seu potencial, sua capacidade operatória e criativa.<br />

CONCLUSÃO<br />

Após rever o contexto em que a Progressão Continuada foi implantada no Estado<br />

de São Paulo, há dez anos, observa-se que as idéias de progredir sem reprovação (progressão<br />

automática) aparecem desde a época da Escola Nova. Nota-se, também, que princípios<br />

construtivistas são utilizados para justificar a Progressão Continuada, que se apóia, principalmente,<br />

no fundamento psicológico de que os conhecimentos são construídos pela criança, havendo,<br />

então, um progresso contínuo de conhecimentos.<br />

Analisando três argumentos da proposta de Progressão Continuada, com seus<br />

desdobramentos, percebe-se que não correspondem às idéias de Piaget. Enquanto Piaget focaliza<br />

o desenvolvimento da inteligência, a Progressão, às vezes empregando termos conhecidos da<br />

teoria piagetiana, utiliza-os em relação à aprendizagem. Daí o equívoco fundamental.<br />

Vimos que, no Argumento 1, a Progressão Continuada se fundamenta nas diferenças<br />

de ritmo individuais, enquanto Piaget busca padrões de desenvolvimento do sujeito universal; e<br />

que, enquanto a proposta da Progressão argumenta em termos de ritmos de aprendizagem,<br />

Piaget se refere a ritmos de desenvolvimento.<br />

No Argumento 2, notamos, novamente, a contraposição entre aprendizagem e<br />

desenvolvimento, agora quanto à questão dos avanços e retrocessos; e salientamos que a idéia<br />

de continuidade presente na teoria de Piaget não se aplica ao conjunto dos conteúdos escolares.<br />

Por confundir desenvolvimento e aprendizagem, a proposta educacional confunde progressão<br />

intelectual (desenvolvimento intelectual por construção) com progressão escolar.<br />

IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />

UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO

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