POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
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Políticas de formação docente<br />
leis, no caso da educação, não impliquem uma predição exata de prescrições ou aplicações<br />
absolutamente objetivas.<br />
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Ou seja, na singularidade da situação de ensino, o saber da experiência é produzido<br />
por uma prática mediada por leis explicativas e ‘universais’ e se toda atividade prática tem referência<br />
teórica multiconstituída em elementos de diferentes procedências, conseqüentemente não ocorre<br />
nessa atividade a transferência pura e integral de teorias sistematizadas previamente.<br />
Ainda de acordo com Franco (2003, p.85), cabe à pedagogia transformar<br />
[...] o senso comum pedagógico, a arte intuitiva presente na práxis, em atos<br />
científicos, sob a luz de valores educacionais, garantidos como relevantes socialmente, em uma<br />
comunidade social. Seu campo de conhecimentos será formado pela intersecção entre os saberes<br />
interrogantes das práticas, os saberes dialogantes das intencionalidades da práxis e os saberes<br />
que respondem às indagações reflexivas formuladas por essas práxis.<br />
Dermeval Saviani (1985), na introdução do clássico Educação: do senso comum à<br />
consciência filosófica desenvolve detalhadamente o papel da reflexão filosófica na formação dos<br />
educadores no contexto de transformação radical da sociedade. Ele justifica que o título do livro<br />
expressa sua intenção em contribuir com a elevação da “prática educativa desenvolvida pelos<br />
educadores brasileiros do nível do senso comum ao nível da consciência filosófica” (p.10). Ele<br />
trabalha com o conceito gramsciano de senso comum para explicar que “passar do senso comum<br />
à consciência filosófica significa passar de uma concepção fragmentária, incoerente, desarticulada,<br />
implícita, degradada, mecânica, passiva e simplista a uma concepção unitária, coerente, articulada,<br />
explícita, original, intencional, ativa e cultivada” (p.10).<br />
Daí a importância de se atribuir à reflexão filosófica a articulação e seleção dos<br />
diferentes saberes que integram o conhecimento pedagógico. Do mesmo modo que Saviani (1985)<br />
relaciona os conceitos de ‘senso comum’ e ‘bom senso’, podemos dizer que a reflexão filosófica<br />
possibilita trabalhar o senso comum pedagógico de modo a extrair dele as experiências válidas (o<br />
bom senso) e dar-lhes expressão elaborada com vistas à formulação de uma prática educativa<br />
transformadora.<br />
A AMPLIAÇÃO DO CONCEITO <strong>DE</strong> DOCÊNCIA<br />
A necessidade de ampliar o conceito de pedagogia em função da mudança na<br />
concepção de docência pode ser entendida de modo mais claro com a contribuição de três<br />
professoras brasileiras que têm desenvolvido pesquisas na área de formação de professores.<br />
Rios (2003) trabalha com três dimensões da competência docente articuladas en-<br />
tre si: a dimensão técnica, a dimensão estética e as dimensões ética e política. Ao desenvolver a<br />
idéia da dimensão estética na prática docente, ela explica que se trata de trazer luz à subjetividade<br />
do professor que é “constituída na vivência concreta do processo de formação e de prática<br />
profissional” (p.98). Para melhor compreensão da subjetividade do professor, é importante clarear<br />
o que entendemos por ser humano:<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO