POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
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Políticas de formação docente<br />
Sobretudo, é importante verificar que embora as justificativas quanto à necessidade<br />
de uma nova reforma do curso de Pedagogia fossem bem fundamentadas e reconhecidas pelos<br />
Profissionais da Educação, novamente percebemos que o modelo de sociedade de classes<br />
permeada atualmente pelas políticas neoliberais retomam um campo de disputas, em que a<br />
formação e atuação do Pedagogo passam pelas demandas colocadas pelo mercado, utilizando-<br />
se do discurso de valorização da formação dos professores no Brasil, defendida pelo movimento<br />
dos educadores.<br />
Desta forma a luta justa dos educadores no Brasil, por uma formação consistente<br />
dos professores, principalmente dos professores da Educação Infantil e dos anos iniciais do<br />
Ensino Fundamental, relegada ao longo de toda a história da Educação no Brasil, incorpora os<br />
ideais mercadológicos de uma sociedade que passa por uma crise do capitalismo, da qual delega<br />
à Educação, de maneira ingênua, toda a responsabilidade pela retomada do desenvolvimento<br />
econômico do país.<br />
Neste sentido, é importante perceber que a construção das DCN’s é parte de<br />
uma política maior que atende a um quadro de Reformas Educacionais em toda a América Latina,<br />
na prática, tendo como fim maior a “privatização do ensino”, basta analisarmos toda a conjuntura<br />
política atual que envolve a Educação em todas as modalidades de ensino, sustentadas por<br />
políticas de cunho compensatório, que camuflam a isenção do Estado nas questões sociais.<br />
Esta concepção de ensino pode ser percebida claramente no parecer e resolução<br />
das DCN’s, no que se refere à formação aligeirada dos profissionais da Educação, bem como na<br />
formação alargada (generalista) e ao mesmo tempo esvaziada no que diz respeito à rasa<br />
fundamentação teórica. Esta restrição formativa fica evidenciada na ampliação das metodologias<br />
em detrimento dos fundamentos da Educação. O mesmo ocorre com as disciplinas que dão<br />
sustentação para a atuação do Pedagogo na gestão dos sistemas de ensino. Ao ampliar<br />
demasiadamente a concepção de “ação docente”, que passa a abranger também a participação<br />
na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino e a produção e difusão do<br />
conhecimento científico-tecnológico do campo educacional em contexto escolares e não-escolares,<br />
secundariza, ou mesmo renega, a especificidade da formação do pedagogo que deve estar<br />
preparado para a gestão dos sistemas de ensino. O curso pode assumir desta maneira, uma<br />
formação que atende muito mais às novas demandas colocadas pelo mercado - a gestão de<br />
recursos humanos, exercida privilegiadamente no setor privado do ensino superior.<br />
Sobretudo, é possível concluir que a dubiedade encontrada nas DCN’s possibilita<br />
a organização de um curso de Pedagogia que se constitua como um curso que ofereça meramente<br />
métodos e técnicas para o desenvolvimento de atividades consolidadas pelo mercado de trabalho,<br />
ou seja, um curso que atenda meramente à formação profissional e não intelectual.<br />
Esta concepção de formação ligada diretamente à atuação do Pedagogo na<br />
sociedade contemporânea é percebida no próprio processo de “construção” das DCN’s, que se<br />
dá de maneira muito semelhante às demais políticas educacionais no Brasil, que privilegia a<br />
participação de grupos restritos.<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO<br />
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