POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Políticas de formação docente<br />
4<br />
É este projeto, esta mudança social e institucional proposta, que Ghedin (2002)<br />
também apresenta – e aprofunda - quando expõe suas considerações acerca da reflexão que,<br />
para além do aperfeiçoamento profissional, deve ser vista como resgate do ser, como “instauradora<br />
do sujeito que pensa”.<br />
De acordo com o autor, proporcionar ao professor e a toda a educação “um caminho<br />
metodológico que possibilite a formação de cidadãos autônomos” é a principal tarefa de um<br />
processo que, para além de reflexivo, é crítico.<br />
No contexto da globalização, a reflexão sistemática sobre o fazer educativo (“de<br />
modo que as práticas pedagógicas possam passar por ele como horizonte facilitador de um<br />
processo que torna possível a construção de novas realidades e métodos educativos”) é a grande<br />
alternativa da Educação, segundo Ghedin (2002, p. 148), para o rompimento dos limites, para a<br />
abertura de espaços de reflexão crítica e criativa que permitam a edificação de sujeitos produtores<br />
“de um conhecimento que se faz como práxis comprometida politicamente” - e não só<br />
consumidores e/ou reprodutores das informações e dos conhecimentos produzidos por outros -<br />
e para o rompimento com os paradigmas sociais e políticos impostos (ainda no processo<br />
educacional pessoal de cada docente) e consigo mesmo – o que requer, neste processo reflexivo-<br />
crítico, vontade e coragem.<br />
É pensando também sobre o papel reprodutor que muitas escolas, apesar dos<br />
esforços dos educadores em geral, ainda desempenham e na idéia de professor crítico-reflexivo<br />
que se intenta desenvolver na formação docente, que consideramos que a escola na<br />
contemporaneidade não pode reduzir-se, nas palavras de Pérez Gómez (1995), a transmissora<br />
de conhecimentos e informações - mesmo que significativos. A escola tem um papel –<br />
importantíssimo – a desempenhar.<br />
O autor defende que é o estabelecimento escolar o lugar privilegiado da reflexão,<br />
da “reconstrucción racional de la experiencia y del pensamiento”, o lugar da identificação dos<br />
valores ideológicos que constituem a cultura dominante, de seu contraste e questionamento no<br />
intuito de colocar em discussão a “calidad humana” das influências recebidas pelos indivíduos<br />
nas classes sociais a que pertencem.<br />
É esta escola que deve ser, necessária e essencialmente, o lugar geográfico da<br />
(re) construção da Educação, da reflexividade e do diálogo crítico. É o lugar de maior possibilidade<br />
de olhar o todo e suas relações com as partes e não as partes isoladas da totalidade.<br />
Acreditamos, portanto, ser o processo de formação na escola – sem intencionar a<br />
descaracterização de outros tipos de processos de formação concomitantes – o facilitador da<br />
construção efetiva de um Projeto Político Pedagógico muito mais concreto e eficaz dentro da<br />
realidade em que o grupo escolar está inserido, projeto que articule mais eficientemente as práticas<br />
institucionais reais da escola e as práticas profissionais reais dos professores.<br />
É através da edificação - em equipe - deste Projeto que o fosso existente entre o<br />
discurso político-pedagógico sustentado pela escola e as práticas efetivas resultantes das fortes<br />
contradições que marcam a Educação poderá ser lentamente transposto, possibilitando a<br />
transformação verdadeira da escola e quiçá da sociedade, do mundo.<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO