POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
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Políticas de formação docente<br />
[...] é um animal simbólico. Isto significa que a racionalidade não é algo isolado,<br />
mas estreitamente articulado a outras capacidades, outros instrumentos que tem o homem para<br />
interferir na realidade e transformá-la. Nesse sentido, a imaginação, a sensibilidade são elementos<br />
constituintes da humanidade do homem [...]. (p.98)<br />
A compreensão do professor nessa condição humana inviabiliza o exercício da<br />
docência reduzida à racionalidade técnica, tendo em vista que o professor também não é apenas<br />
um ser racional e, portanto, ao agir, age com outros elementos para além da razão: a criatividade,<br />
a emoção, a imaginação, a sensibilidade; assim como em muitas situações de ensino, age também<br />
com frustração, raiva, irritação, impaciência... Do mesmo modo, se concebemos o aluno nessa<br />
mesma condição humana, temos aí os dois sujeitos que conduzem o processo de ensino-<br />
aprendizagem, forçando a docência para além da racionalidade técnica.<br />
Pimenta (1999, 2002, 2004) divide os saberes da docência em três grandes grupos:<br />
a experiência, o conhecimento e os saberes pedagógicos. Há tempos, a pesquisadora vem<br />
enfatizando a importância de os saberes da experiência serem trabalhados junto aos demais<br />
saberes na formação de professores.<br />
Ao tratar dos saberes da experiência, Pimenta (2002) destaca inicialmente a<br />
experiência de aluno que todo futuro professor já teve e constitui-se, desse modo, em um primeiro<br />
estágio dos saberes da experiência. Posteriormente, com mais tempo no exercício do magistério,<br />
essa experiência amplia-se no cotidiano docente, de modo que esse conhecimento empírico deve<br />
ser submetido a um processo permanente de reflexão da própria prática “que os coloque em<br />
condições de gerir novas práticas” (p.11). Entretanto, reduzir o exercício da docência a reproduzir<br />
“aquele modo de fazer que aprendeu com seu mestre” (p.16) é negar a profissionalidade docente,<br />
dispensando a dimensão da criação.<br />
conhecimento:<br />
Do mesmo modo, a autora dá destaque à sensibilidade como forma de<br />
Muitas vezes é pela sensibilidade que o educador se dá conta da situação complexa<br />
do ensinar. A sensibilidade é uma forma de conhecimento. Sensibilidade da experiência é indagação<br />
teórica permanente. (Pimenta, 2002, p.18)<br />
Em estudo mais recente sobre o estágio na formação dos professores, Pimenta e<br />
Lima (2004) apresentam uma série de propostas metodológicas para que o estágio curricular<br />
seja trabalhado de modo integrado às demais disciplinas, já desde o início dos cursos, valorizando<br />
o diálogo entre os saberes da experiência e o conhecimento acadêmico.<br />
Nesse sentido, pode-se constatar que os saberes da experiência estão adentrando<br />
os currículos dos próprios cursos de formação de professores. Eles deixam de ocupar um papel<br />
coadjuvante, geralmente para ilustrar uma prática que não deve ser seguida, à medida que está<br />
em desacordo com as teorias estudadas na universidade, para transformarem-se na matéria-<br />
prima a ser trabalhada conjuntamente com o conhecimento acadêmico. Ou seja, há uma tendência<br />
crescente de o senso comum pedagógico permear cada vez mais as grades curriculares de<br />
diferentes cursos que formam professores.<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO<br />
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