POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE - Unesp
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Políticas de formação docente<br />
sem um nome, um ‘quem’ ligado a ela, carece de significado, enquanto que uma obra de arte<br />
retém sua relevância, conheçamos ou não o nome do artista”, podemos afirmar que a pedagogia<br />
necessita de um agente educativo que lhe dê vida.<br />
Independentemente de conseguirmos juntar todas as publicações referentes às<br />
teorias pedagógicas, mesmo assim elas não constituem a pedagogia, pois careceria da ação<br />
para a sua materialização. À medida que a ação pedagógica, como ação humana, manifesta toda<br />
a complexidade que vimos anteriormente, ela nunca pode ser a expressão acabada e integral de<br />
uma ou mais teorias pedagógicas. Ao contrário, a ação do pedagogo expressa fragmentos de<br />
teorias pedagógicas que interagem com fragmentos de outras teorias científicas – a etnociência –<br />
junto com a sensibilidade, a imaginação, os valores, os saberes da experiência, do senso comum<br />
pedagógico.<br />
Considerando ainda que a ação pedagógica ocorra na interação com outros agentes<br />
(no caso da ação docente, na interação com os alunos), é na interação social que o pedagogo<br />
mobiliza a combinação de todas aquelas teorias e saberes. Entretanto, se as ações pedagógicas<br />
são únicas, pois situacionais – dependem dos outros sujeitos envolvidos e do contexto institucional<br />
–, isso não implica que não haja nenhuma unidade nas ações do pedagogo. É justamente na<br />
reflexão filosófica orientada por princípios ético-políticos que suas ações se identificam. Do mesmo<br />
modo que esses princípios decidem quais teorias pedagógicas serão mobilizadas na ação, são<br />
eles também que estão presentes o tempo todo na mobilização das outras teorias e outros saberes,<br />
assim como na articulação entre elas no momento da ação e, acima de tudo, estão presentes na<br />
projeção de suas intenções.<br />
Rrecorreremos à filosofia clássica, com a contribuição de Rios (2003, p.95), para<br />
uma possível distinção entre as ‘teorias pedagógicas’ e o conceito ampliado de ‘pedagogia’:<br />
Aristóteles distingue poiein – produzir – de pratein – agir. Quando faz a classificação<br />
das ciências, vai se referir a ciências teóricas (de theorein, contemplar), ciências práticas e ciências<br />
poéticas. O critério usado é o da finalidade das ciências. As ciências teóricas, afirma o filósofo,<br />
visam conhecer por conhecer; as ciências práticas e poéticas visam conhecer para agir. A diferença<br />
entre as duas últimas é que as ciências práticas estudam ações que têm seu fim em si mesmas<br />
(a ética e a política) e as poéticas estudam ações cujo fim é produzir alguma obra, algum objeto (a<br />
economia e as artes, por exemplo).<br />
A pedagogia, certamente, não se adequa às ciências teóricas descritas por<br />
Aristóteles. Entendo que ela transitaria das ciências práticas às ciências poéticas, voltando para<br />
as ciências práticas e assim sucessivamente num movimento contínuo. Nesse movimento, as<br />
teorias pedagógicas aproximar-se-iam mais das ciências poéticas e a pedagogia, das ciências<br />
práticas (como a ética e a política).<br />
Finalmente é importante destacar que o conceito ampliado de pedagogia, como<br />
campo do conhecimento sobre e na educação, embora concebido a partir da educação escolar,<br />
apresenta-se com possibilidade de facilitar não apenas a interpretação e intervenção dos processos<br />
educativos que ocorrem na escola, mas também daqueles que ocorrem em outros espaços não-<br />
IX CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE <strong>FORMAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> EDUCADORES - 2007<br />
UNESP - UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL PAULISTA - PRO-REITORIA <strong>DE</strong> GRADUAÇÃO<br />
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