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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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permitirá. Julgam que o fazem sem castigo, mas são punidos pela sua mesma cegueira, e<br />

sofrem males incomparavelmente maiores que os ocasionados aos outros. Portanto, esses<br />

costumes, de que eu não quis compartilhar quando estudante, era obrigado a suportá-los<br />

de outrem, quando professor. Por este motivo, desejava partir para uma cidade na qual,<br />

segundo me asseguravam os informadores, nada acontecia de semelhante.<br />

Na realidade, porém, Vós, "minha esperança e minha herança na terra dos<br />

vivos 180", impelíeis-me a mudar de sítio para a salvação da minha alma. Estendíeis o<br />

aguilhão a Cartago, para dali me arrancardes, e oferecíeis-me delícias em Roma, para me<br />

atrairdes. Propúnheis-me estas seduções por meio dos homens que amam esta vida de<br />

morte, dos quais uns se entregavam a atos de loucura, outros me prometiam vaidades.<br />

Usáveis ocultamente da sua e minha perversidade, para me corrigirdes os passos. Dum<br />

lado, aqueles que perturbavam o meu sossego estavam cegos por uma raiva vergonhosa;<br />

do outro, os que me convidavam a mudar de residência saboreavam a terra. Porém, eu,<br />

que em Cartago detestava uma miséria verdadeira, apetecia, em Roma, uma felicidade<br />

mentirosa.<br />

15. Só Vós, meu Deus, conhecíeis os motivos por que abandonava Cartago para<br />

me dirigir a Roma. Não mos manifestáveis a mim nem a minha mãe, que chorou<br />

amargamente a minha partida e me seguiu até o mar. Como ela me agarrasse com<br />

violência para me fazer voltar ou para ir comigo, eu enganei-a, fingindo não querer<br />

separar-me dum amigo, até que, soprando o vento, ele pudesse navegar. Assim me<br />

escapei, mentindo a minha mãe, e que mãe! Mas Vós perdoastes-me misericordiosamente<br />

este pecado, e eu, todo cheio de execráveis imundícies, fui salvo por Vós das águas do<br />

mar até me conduzirdes às águas da vossa graça. Estas, purificando-me, deviam secar os<br />

rios de lágrimas com que todos os dias, na vossa presença, os olhos de minha mãe, por<br />

minha causa, regavam a terra.<br />

Recusando ela voltar sem mim, foi com grande dificuldade que a persuadi a que<br />

permanecesse, durante essa noite, num lugar vizinho ao nosso navio, e consagrado à<br />

memória de São Cipriano.<br />

Nessa mesma noite parti ocultamente, enquanto ela ficou orando e derramando<br />

lágrimas. Que Vos pedia ela, meu Deus, com tantos prantos, senão que me não<br />

permitísseis fazer a viagem? Mas Vós, por um desígnio mais profundo, ouvindo só o<br />

180 Sl 114 ,6.

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