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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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20<br />

Como procurar a felicidade<br />

29. Então, como Vos hei de procurar, Senhor? Quando Vos procuro, meu Deus,<br />

busco a vida feliz. Procurar-Vos-ei, para que a minha alma viva. O meu corpo vive da<br />

minha alma e esta vive de Vós.<br />

Como procurar, então, a vida feliz? Não a alcançarei enquanto não exclamar:<br />

"Basta, ei-la". Mas onde poderei dizer estas palavras? Como procurar essa felicidade?<br />

Como? Pela lembrança, como se a tivesse esquecido, e como se agora me recordasse de<br />

que a esqueci? Pelo desejo de travar conhecimento com uma vida, para mim incógnita, ou<br />

porque nunca a cheguei a conhecer, ou porque já a esqueci tão completamente, que nem<br />

sequer me lembro de a ter esquecido? Então, não é feliz aquela vida que todos desejam,<br />

sem haver absolutamente ninguém que a não queira? Onde a conheceram para assim a<br />

desejarem? Onde a viram para a amarem? Que a possuímos, é certo. Agora, o modo é que<br />

eu não sei.<br />

Há uma maneira diferente de ser feliz, quando cada um possui a felicidade em<br />

concreto. Há quem seja feliz simplesmente em esperança. Estes possuem a felicidade dum<br />

modo inferior ao daqueles que já são realmente felizes. Mas, ainda assim, estão muito<br />

melhor que aqueles que não têm nem a felicidade, nem a sua esperança. Mesmo estes<br />

devem experimentá-la de qualquer modo, porque, no caso contrário, não desejariam ser<br />

felizes. Ora, é absolutamente certo que eles o querem ser.<br />

Não sei como conheceram a felicidade, nem por que noção a apreenderam. O que<br />

me preocupa é saber se essa noção habita na memória. Se lá existe, é sinal de que alguma<br />

vez já fomos felizes. Eu agora não procuro indagar se fomos todos felizes<br />

individualmente, ou se fomos somente naquele homem que primeiro pecou, em que<br />

todos morremos 464, e nascemos na infelicidade. O que eu quero saber é se a vida feliz<br />

reside ou não na memória. Se a não conhecêssemos, não a podíamos amar.<br />

Mal ouvimos este nome, "felicidade", imediatamente temos de confessar que é isso<br />

mesmo o que apetecemos; não nos deleitamos simplesmente com o som da palavra.<br />

Quando um grego ouve pronunciar esse vocábulo em latim, não se deleita, porque ignora<br />

o sentido. Mas nós deleitamo-nos; e ele também se deleita, se ouve em grego, porque a<br />

464 Cor 15, 22.

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