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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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glória popular, até aos aplausos dos teatros, aos jogos florais, ao torneio de coroas de<br />

feno, às bagatelas de espetáculos e paixões desenfreadas, ora desejava purificar-me dessas<br />

nódoas, conduzindo aos que eram chamados "eleitos" e "santos" alimentos com que, na<br />

oficina dos seus estômagos, fabricassem anjos e deuses que me dessem a liberdade. Seguia<br />

estas práticas, dando-me a elas com meus amigos, iludidos por mim e comigo.<br />

Gracejem de mim os orgulhosos e os que ainda não foram salutarmente prostrados<br />

e esmagados por Vós, meu Deus. Eu, para vosso louvor, hei de confessar minhas<br />

desvergonhas. Permiti-me, eu Vo-lo peço, e concedei-me que percorra com memória fiel<br />

os desvios passados dos meus erros, "imolando-Vos uma vítima de louvor 117".<br />

Com efeito, sem Vós, que sou para mim mesmo, senão um guia para o abismo?<br />

Que sou, quando tudo me corre bem, senão um pequenino a sugar o vosso leite e a gozar<br />

de Vós, alimento que se não corrompe? E quem é o homem, seja quem for, se é homem?<br />

Riam-se de mim os fortes e os poderosos, mas eu, fraco e pobre, confesso-me a Vós.<br />

2<br />

Pela estrada larga. . .<br />

2. Ensinava por aqueles anos retórica; e, vencido pela cobiça, vendia esta vitoriosa<br />

verbosidade. Contudo, como sabeis, Senhor, preferia ter bons discípulos, dos que se<br />

chamam "bons", e, com simplicidade, ensinava-lhes artifícios, para deles usarem não<br />

contra a vida dum inocente, mas em proveito, por vezes, da vida dum criminoso. E Vós,<br />

meu Deus, vistes de longe resvalar num caminho escorregadio e cintilar com muito fumo<br />

esta minha boa fé, que eu, no ensino, mostrava aos amantes da vaidade, indagadores da<br />

mentira. Nisso era-lhes companheiro.<br />

Por esses anos tinha em minha companhia uma mulher que não havia sido<br />

reconhecida em matrimônio o que se chama legítima, e que fora procurada por um<br />

inquieto ardor, falho de prudência. Mas era só uma, e guardava-lhe a fidelidade do leito.<br />

Com meu exemplo aprendi claramente, por experiência, qual é a distância que existe entre<br />

a moderação do prazer conjugai, contratado em vista da geração, e o pacto do amor<br />

sensual. Deste também nascem filhos, mas contra a vontade dos pais, se bem que, uma<br />

vez nascidos, se vejam obrigados a amá-los.<br />

117 Sl 26, 6.

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