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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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alimentou, no ventre, minha mãe 33", pergunto, Senhor e Deus meu, onde e quando esteve<br />

inocente este vosso servo? Passo em silêncio esta quadra da vida. Que tenho eu que ver<br />

com ela, se nem reminiscências conservo?<br />

8<br />

Como aprendi a falar<br />

13. Seguindo o curso da minha vida, não é verdade que da infância passei à<br />

puerícia? Ou antes, não foi esta que veio até mim e sucedeu à infância? A infância não se<br />

afastou. Para onde fugiu então? Entretanto, ela já não existia, pois eu já não era um bebê<br />

que não falava, mas um menino que principiava a balbuciar algumas palavras 34.<br />

Dessa época já eu me lembro, e mais tarde adverti como aprendera a falar 35. Não<br />

eram pessoas mais velhas que me ensinavam as palavras, com métodos, como pouco<br />

depois o fizeram para as letras. Graças à inteligência que Vós, Senhor, me destes, eu<br />

mesmo aprendi, quando procurava exprimir os sentimentos do meu coração por gemidos,<br />

gritos e movimentos diversos dos membros, para que obedecessem à minha vontade. Não<br />

podia, porém, exteriorizar tudo o que desejava, nem ser compreendido daqueles a quem<br />

me dirigia.<br />

Retinha tudo na memória quando pronunciavam o nome de alguma coisa, e<br />

quando, segundo essa palavra, moviam o corpo para ela. Via e notava que davam ao<br />

objeto, quando o queriam designar, um nome que eles pronunciavam. Esse querer era-me<br />

revelado pelos movimentos do corpo, que são como que a linguagem natural a todos os<br />

povos e consiste na expressão da fisionomia, no movimento dos olhos, nos gestos, no<br />

tom da voz, que indica a afeição da alma quando pede ou possui e quando rejeita ou evita.<br />

Por este processo retinha pouco a pouco as palavras convenientemente dispostas em<br />

várias frases e freqüentemente ouvidas como sinais de objetos. Domando a boca segundo<br />

aqueles sinais, exprimia por eles as minhas vontades.<br />

Assim principiei a comunicar com as pessoas que me rodeavam, e entrei mais<br />

profundamente na sociedade tempestuosa dos homens, sob a autoridade de meus pais e a<br />

obediência dos mais velhos.<br />

33 Sl 50, 1.<br />

34 Este menino, a quem foi diferido o batismo segundo os costumes africanos da época, recebeu o nome de Aurélio <strong>Agostinho</strong>. (N. do T.)<br />

35 A língua corrente falada em Tagaste era o cartaginês ou púnico. <strong>Agostinho</strong> aprenderia simultaneamente as duas línguas: aquela e o<br />

latim. (N. do T.)

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