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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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ainda que seja por pequeno espaço de tempo, de novo imergem e como que se escapam<br />

para esconderijos mais profundos. E assim, como se fossem novos, é necessário pensar,<br />

segunda vez, nesses conhecimentos existentes na memória — pois não têm outra<br />

habitação — e juntá-los (cogenda) novamente, para que se possa saber. Quer dizer,<br />

precisamos de os coligir (colligenda), subtraindo-os a uma espécie de dispersão. E daqui<br />

(cogenda, cogo) é que vem cogitare; pois cogo e cogito são como ago e agito, facio e facito. Porém a<br />

inteligência reivindicou como próprio este verbo (cogito), de tal maneira que só ao ato de<br />

coligir (colligere), isto é, ao ato de juntar (cogere) no espírito, e não em qualquer parte, é que<br />

propriamente se chama "pensar" (cogitare).<br />

12<br />

A memória e as matemáticas<br />

19. Do mesmo modo a memória contém as noções e as regras inumeráveis dos<br />

números e das dimensões. Não foram os sentidos quem nos gravou estas idéias, porque<br />

estas não têm cor, nem som, nem cheiro, nem gosto, nem são táteis. Quando delas se fala,<br />

ouço os sons das palavras que as significam. Mas os números são uma coisa e as idéias<br />

que exprimem, outra; os primeiros soam diferentemente em grego e em latim. Porém as<br />

idéias nem são gregas nem latinas, nem de nenhuma outra língua.<br />

Vi linhas traçadas por artistas, tão adelgaçadas como um fio de aranha. Mas essas<br />

linhas materiais são diferentes das imagens que os olhos carnais me anunciaram. Quem<br />

quer pode conhecê-las e representá-las interiormente, sem ter necessidade de pensar num<br />

corpo. Por todos os sentidos corporais é que cheguei também ao conhecimento dos<br />

números. Mas esses números com que contamos são bem diferentes: não são as imagens<br />

dos números sensíveis. Por conseguinte, são mais reais. Ria-se de mim quem não<br />

compreender estas coisas que exponho. Eu terei compaixão de quem escarneça de mim.<br />

13<br />

"A memória lembra-se de se lembrar"<br />

20. Conservo tudo isso na memória e, bem assim, o modo por que o aprendi.<br />

Retenho na memória as muitas disputas que ouvi, cheias de erros contra estas verdades.<br />

idéias, segundo a qual a alma, ao encarnar num corpo, trazia do outro mundo as imagens das coisas. Aprender seria, portanto, recordar o<br />

que vira noutros tempos. (N. do T.)

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