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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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pareciam ensinar o erro. Ele nada dizia que me desagradasse, embora tivesse afirmações<br />

que eu ainda então ignorava se eram ou não verdadeiras 203.<br />

Abstinha o meu coração de qualquer afirmativa, com medo de cair no precipício.<br />

Mas esta suspensão matava-me ainda mais, porque desejava estar tão certo do que não<br />

via, como de sete mais três serem dez. Não era eu tão louco que imaginasse poder<br />

alcançar esta evidência. Mas, como isso, desejava entender todas as demais coisas: as<br />

corpóreas que não tinha presente aos sentidos, e as espirituais, que só por meio de formas<br />

corpóreas poderia conceber.<br />

Se acreditasse, poderia ter obtido a cura. Assim o olhar, já mais purificado, da<br />

minha inteligência, dirigir-se-ia, de algum modo, para a vossa verdade sempre constante e<br />

indefectível.<br />

Costuma suceder ao doente que consultou um médico desprestigiado ter depois<br />

receio dum médico bom. Assim acontecia à saúde da minha alma, que não podia curar-se,<br />

senão crendo. Porque temia crer o que era falso, recusava deixar-se curar, resistindo às<br />

vossas mãos, ó Divino Médico, que fabricastes o remédio da fé e o derramastes em todas<br />

as enfermidades do mundo, dando-lhe, a ela, tão grande autoridade!<br />

5<br />

O valor da Bíblia<br />

7. Entretanto, preferindo a doutrina católica, já sentia, então, que era mais razoável<br />

e menos enganoso sermos obrigados a crer o que não demonstrava, quer houvesse prova,<br />

mesmo que esta não fosse para o alcance de qualquer pessoa, quer a não houvesse. Seria<br />

isso mais sensato do que zombarem da crença os maniqueístas, apoiados em temerária<br />

promessa de ciência, para depois nos mandarem acreditar em inúmeras fábulas tão<br />

absurdas que as não podiam provar.<br />

Em seguida, ó Senhor, tocastes e dispusestes, a pouco e pouco, a minha alma, ao<br />

considerar os muitos fatos em que acreditava sem os ver nem presenciar na sua realização.<br />

Tais eram os inúmeros acontecimentos da história dos povos, a infinidade de notícias de<br />

lugares e cidades que não visitara, muitos conhecimentos recebidos dos amigos, dos<br />

médicos, de tantos e tantos homens, e de outras muitas coisas em que temos de crer, sob<br />

pena de nada podermos realizar nesta vida.<br />

203 <strong>Santo</strong> Ambrósio recorria muitas vezes à exegese alegórica para interpretar a Sagrada Escritura e para responder às dificuldades.<br />

Estava então em moda interpretar assim a Bíblia, em prejuízo do sentido real. (N. do T.)

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