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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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imutável, que se basta a si própria, era levada sobre aquela vida que tínheis criado. Para<br />

esta, não é o mesmo viver e viver feliz, porque não deixa de viver ainda que flutue na sua<br />

obscuridade. Essa vida tem necessidade de voltar-se para o Criador, de viver cada vez<br />

mais próxima da Fonte da Vida, de ver a luz na Luz divina. Precisa de aperfeiçoar-se,<br />

iluminar-se, e nela alcançar a felicidade.<br />

5<br />

A Trindade Divina<br />

6. Eis que me aparece, como num enigma, a Trindade. Sois Vós, meu Deus, pois<br />

Vós, Pai, criastes o céu e a terra no princípio da nossa Sabedoria, que é a vossa Sabedoria,<br />

que de Vós nasceu, igual e coeterna convosco, isto é, no vosso Filho.<br />

Já largamente falei do "céu do céu" da "terra invisível e informe", e do "abismo das<br />

trevas", onde as naturezas espirituais permaneceriam errantes na sua imperfeição<br />

primitiva, se se não voltassem para Aquele donde procede toda a vida. Naquele abismo de<br />

trevas a Luz divina ia espalhar alguns raios de beleza, para que fossem o "céu do seu céu",<br />

que foi mais tarde criado entre as águas superiores e as águas inferiores.<br />

No vocábulo "Deus", eu entendia já o Pai que criou todas as coisas; e pela palavra<br />

"princípio" significava o Filho, no qual tudo foi criado pelo Pai. E, como eu acreditasse<br />

que o meu Deus é Trino, procurava a Trindade nas vossas Escrituras e via que o vosso<br />

Espírito "pairava sobre as águas". Eis a vossa Trindade, meu Deus: Pai, Filho e Espírito<br />

<strong>Santo</strong>. Eis o Criador de toda criatura 645.<br />

6<br />

Porque pairava o Espírito sobre as águas<br />

7. Que razão houve, ó Luz verdadeira — aproximo de Vós o meu coração para<br />

que me não iluda com falsidades e lhe dissipeis as trevas —, dizei-me, eu Vo-lo peço pela<br />

nossa mãe, a Caridade, dizei-me a razão por que só depois de se nomear o céu, a terra<br />

invisível e informe e as trevas sobre os abismos é que a Escritura fala no vosso Espírito?<br />

Será porque convenha apresentá-lo dizendo que Ele "pairava sobre alguma coisa"? E<br />

como se poderia dizer isto sem fazer menção do elemento sobre o qual se poderia<br />

645 <strong>Santo</strong> <strong>Agostinho</strong> e a tradição cristã viram no "espírito de Deus que pairava sobre as águas" uma emanação de Deus, o Espírito <strong>Santo</strong>. A<br />

liturgia aceitou essa mesma interpretação no hino Veni Creator Spiritus. O sentido literal daquele texto é o seguinte: "o sopro de Deus<br />

planava como uma ave, sobre as trevas do caos". Aquele sopro ou espírito significava que Deus é origem ou fonte da vida.<br />

A palavra ruah, em hebraico, equivale a sopro, vento, espírito. (N. do T.)

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