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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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AGOSTINHO<br />

— Porém a mim parece que tu não foste incidir nesta resposta sem certa causa,<br />

pois a própria lei da razão, gravada em nossas mentes, pode superar a tua vigilância: com<br />

efeito, se te perguntasse o que é "homem", responderias talvez: "animal"; porém, se te<br />

perguntasse que parte da oração é "homem", de nenhum outro modo me poderias<br />

responder bem, senão dizendo: "nome"; assim, concluímos que "homem" é nome e<br />

animal: o primeiro (ser nome) se diz enquanto é sinal; o segundo (ser animal) enquanto<br />

indica a coisa significada. A quem, portanto, me perguntar se homem é nome, nada mais<br />

responderia senão que é, porque com esta pergunta ele deixa suficientemente entender<br />

que quer saber a respeito de "homem" só como sinal. Se, ao contrário, perguntar se é<br />

animal, anuirei muito mais facilmente, porque, ainda que calasse os termos'"nome" e<br />

"animal" para perguntar apenas "o que é homem", segundo aquela regra do falar que já<br />

estabelecemos, a minha mente voltar-se-ia para o que se significa com aquelas duas<br />

sílabas, e outra coisa não poderia responder senão "animal" e até poderia citar também<br />

toda a definição, isto é, "animal racional, mortal"; não te parece?<br />

ADEODATO<br />

— Certamente; mas, se concedemos ser um nome, como poderemos evitar a<br />

conclusão injuriosa de que não somos homens?<br />

AGOSTINHO<br />

— Demonstrando que não foi tirada do sentido da palavra usada quando<br />

assentíamos com o nosso interlocutor.<br />

E se este dissesse que quer deduzi-la da palavra considerada como sinal, nada<br />

haveria que recear, pois que poderia eu temer confessando que não sou homem, isto é,<br />

não sou aquelas duas sílabas?<br />

ADEODATO<br />

— Não há nada de mais verdadeiro. Mas por que então fere o espírito ouvir dizer:<br />

"Tu não és portanto homem" desde que, pelo que já concedemos, nada há que se possa<br />

dizer com maior verdade?<br />

AGOSTINHO<br />

— Pelo fato de que não posso evitar pensar que a conclusão — logo que se ouvem<br />

estas duas sílabas — não se relacione com o que elas significam, devido àquela regra, cujo

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