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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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abismo dos costumes cartagineses, onde fervem os espetáculos frívolos, engolfara-o na<br />

loucura dos jogos circenses.<br />

Quando se revolvia desgraçadamente nesse abismo, sendo eu ali professor de<br />

retórica numa escola pública, ainda me não ouvia, como mestre, por causa duma<br />

desavença que se levantara entre mim e o pai. Descobrindo que amava o circo<br />

funestamente, angustiava-me dolorosamente, por me parecer que ia a perder, ou já<br />

perdera, tão bela esperança. Mas eu não tinha nenhum poder conferido pela estima da<br />

amizade, ou, ao menos, pelo direito de mestre, para o repreender e fazer recuar, dando-lhe<br />

qualquer castigo. Julgava que compartilharia da mesma idéia do pai a meu respeito. Mas<br />

não. Pondo de parte, neste assunto, a vontade paterna, começou a cumprimentar-me,<br />

vinha às minhas aulas, ouvia alguma coisa e partia.<br />

12. Mas já me fugia da memória tratar com ele, para se não perder um talento tão<br />

precioso, na paixão cega e impetuosa de jogos fúteis. Vós, porém, ó Senhor, que presidis<br />

ao governo de tudo o que criastes, não Vos esquecestes do que havia de ser, entre os<br />

vossos filhos, ministro dos sacramentos. Para que Vos fosse atribuída abertamente a sua<br />

emenda, Vós a realizastes por meu intermédio, mas sem eu saber.<br />

Um dia, estando eu sentado no lugar do costume, com os alunos diante de mim,<br />

chegou, saudou-me, sentou-se, e prestou atenção ao assunto de que se tratava. Tinha em<br />

minhas mãos, por acaso, o texto da lição. Ora, ao explicá-lo, para compreenderem com<br />

mais agrado e clareza o que expunha, pareceu-me oportuno juntar à comparação dos<br />

jogos do circo uma crítica mordaz aos que eram escravizados por tal loucura. Mas Vós<br />

sabeis, ó meu Deus, que eu não pensava, então, em curar a Alípio daquela peste. Todavia<br />

caiu em si, e pensou que tenha dito aquilo por sua causa. O que outro tomaria como<br />

motivo para me censurar, tomou-o ele como causa para se censurar a si mesmo e para me<br />

estimar com mais ardor.<br />

Já, outrora, disséreis e escrevêreis em vossos Livros: "Repreende o sábio, e amar-<br />

te-á 209". Eu não o repreenderia: mas Vós servis-Vos de todos, umas vezes sabendo-o ele,<br />

outras não, segundo a ordem justa que conheceis. Fizestes do meu coração e da minha<br />

língua carvões ardentes 210 com que queimaríeis e curaríeis esse espírito corrupto, mas de<br />

209 Prov 9, 8.<br />

210 Ez 1, 13.

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