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07 – Santo Agostinho - Charlezine

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do matrimônio, já não haveria motivo para se admirar de que eu não pudesse desprezar<br />

tal teor de vida.<br />

Depois disso, começou Alípio também a desejar o matrimônio, vencido não pela<br />

paixão do prazer, mas da curiosidade. Dizia desejar saber que felicidade era essa, sem a<br />

qual a minha vida, que tanto lhe agradava, me não parecia vida, mas sofrimento. O seu<br />

espírito, liberto dessa cadeia, ficava estupefato perante a minha escravidão.<br />

Da admiração passava ao desejo da experiência, para depois descer à realização. Ia<br />

assim despenhar-se talvez na mesma escravidão que o fazia espantar, pois queria fazer um<br />

pacto com a morte 217, e quem ama o perigo 218 nele cairá.<br />

Só superficialmente nos interessava, tanto a ele como a mim, a beleza conjugai que<br />

há nos deveres do matrimônio e na educação dos filhos. O que em grande parte e com<br />

violência me prendia e torturava era o hábito de saciar a insaciável concupiscência. Pelo<br />

contrário, a ele era a admiração que o arrastava ao cativeiro.<br />

Tal era o nosso estado até o momento em que Vós, ó Altíssimo, que não<br />

abandonais o nosso barro, viestes compassivamente, de modo admirável e oculto, em<br />

socorro dos infelizes.<br />

13<br />

O pedido de casamento<br />

23. Entretanto, instavam sem descanso para que me casasse. Já tinha feito o pedido<br />

de casamento e recebido boas promessas, ajudado sobretudo por minha mãe, que o fazia<br />

com o fim de me ver regenerado, depois do matrimônio, na água salutar do batismo.<br />

Minha mãe alegrava-se de me ver cada vez mais apto para o receber, notando que na<br />

minha fé se realizavam os seus votos e as vossas promessas.<br />

Vós nunca lhe quisestes revelar, em visão, nada do meu futuro casamento, apesar<br />

de, a meu pedido e desejo seu, Vo-lo pedir, todos os dias, com fortes clamores do<br />

coração. Ela via umas imagens vãs e fantásticas, aonde o ímpeto do espírito humano<br />

arrasta, quando anda preocupado. Contava-me isso, não com aquela confiança com que<br />

costumava, quando realmente Vos manifestáveis, mas com desprezo, pois afirmava que,<br />

217 Is 28, 18; Sab 1, 16.<br />

218 Eclo 3, 27.

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